A melhor arma na defesa do litoral é a reposição de areias e os quebra-mares “são um mundo desconhecido, caro e podem criar mais problemas”.
Mensagem que fica da sessão de apresentação do “Estudo de caracterização e viabilidade de um Quebra-mar destacado multifuncional em frente à Praia da Vagueira”.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a equipa de investigadores que estudou diferentes cenários para a utilização de quebra-mares na defesa da orla costeira desaconselha o recurso a intervenções pesadas no mar e prefere manter as recargas de areia como solução para combater a erosão costeira.
O consórcio Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Universidade de Aveiro e Instituto Superior Técnico elaborou um Estudo de caracterização e viabilidade de um quebra-mar destacado multifuncional em frente à Praia da Vagueira em operação cofinanciada pelo POSEUR.
Ainda que tecnicamente viável, a implantação de um quebra-mar, destacado, submerso, na Praia da Vagueira, apresentaria vários constrangimentos e restrições.
A segurança dos banhistas, a erosão a sul tal como acontece quando há molhes e a incerteza nos resultados da análise custo-benefício desaconselham essa solução de engenharia pesada.
Foram testadas 10 configurações nas simulações apresentadas e, em boa parte dos casos, a instalação de quebra-mares cria barreiras ao arrastamento de sedimentos, resultando no agravamento das condições no sentido da corrente marítima, agravando um quadro já preocupante.
Solução que é tida como pouco viável pela engenharia e economicamente difícil de concretizar.
Pimenta Machado, Vice-Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, afirma que os planos devem passar por candidaturas a fundos para garantir um injeção regular de sedimentos na costa. (com áudio)
Foi resumido um trabalho de mil páginas que envolveu especialistas do LNEC e da Universidade de Aveiro apresentado como o estudo mais detalhado sobre quebra-mares até hoje feito no país.
O coordenador do núcleo de monitorização costeira e risco da Agência Portuguesa do Ambiente apresentou as conclusões e, no final, referiu-se aos riscos de utilização de engenharia pesada pelo efeito negativo nas praias e na prática de surf para principiantes.
Comparações feitas com estudos desenvolvidos entre 1996 e 2008 e mais recentemente entre 2008 e 2020 confirmam que a erosão diminuiu sempre que a aposta esteve nas recargas de areia.
Entre 1996 e 2008 foram colocados no litoral aveirense 3.2 milhões de metros cúbicos de areia entre São Jacinto e Poço da Cruz.
Entre 2008 e 2020 o depósito de areia chegou aos 7 milhões de metros cúbicos o que fez diminuir a preponderância da erosão costeira de 75% para 30%.
Com as recargas efetuadas diminuíram as taxas de erosão e é essa a via sugerida pelo estudo.
Celso Pinto, Coordenador do Núcleo de Monitorização Costeira e Risco da APA, admite que o calendário de dragagens do Porto de Aveiro vai desempenhar papel fundamental nessas operações de recarga. (com áudio)
O autarca de Vagos que depositava expetativa no estudo admite que as conclusões são importantes e vão ajudar a tomar decisões no futuro. (com áudio)
O reforço da linha de costa com recargas de areia continua a merecer preferência.
Neste sentido, prevê-se a continuação da realização de intervenções de alimentação artificial pela Administração do Porto de Aveiro.
Caso os resultados da monitorização efetuada pela Agência Portuguesa do Ambiente demonstrem que os volumes das alimentações provenientes das dragagens do Porto de Aveiro não sejam suficientes para assegurar a estabilidade deste troço costeiro, a Agência prevê realizar uma candidatura para a obtenção de financiamento comunitário para a realização de uma intervenção de alimentação artificial de elevada magnitude.
Admite recorrer à mancha de empréstimo de sedimentos localizada off-shore, previamente caraterizada no âmbito de estudo anterior (Projeto CHIMERA).