A Comissão Política Concelhia de Ílhavo do Partido Socialista deliberou, por unanimidade, retirar a confiança política ao Presidente da Junta de Freguesia de São Salvador, eleito pelo PS, João Campolargo, na sequência do anúncio da sua candidatura “independente” à presidência da Câmara Municipal.
Confirmado o quadro de rotura depois de uma parceria de sucesso ao longo de 12 anos, quatro anos como membro da Assembleia e oito anos como Presidente da Junta.
O PS acusa o autarca de promover a “divisão ao invés de união” e aponta a elaboração de listas como decisiva no desfecho.
“Verificamos sem surpresa a concretização da ameaça que esteve latente no processo de escolha dos candidatos do PS às eleições autárquicas, durante o qual o autarca tudo fez para inviabilizar a sua integração no projeto autárquico do PS”, refere nota da concelhia.
Decretada a “separação” e já sem “reserva institucional”, o PS reafirma que “João Campolargo não é candidato do PS a nenhum órgão autárquico porque não quis” por ter mantido “um distanciamento que impossibilitou a articulação a que estava obrigado a manter com a liderança partidária”.
Acusa o autarca de São Salvador de ter o seu próprio projeto e de “satelizar” e “secundarizar o PS” e de tentar “colocá-lo na posição de mero saco de votos de utilidade circunstancial e de financiador da sua campanha eleitoral”.
“Tentou fazer do processo de escolha dos candidatos autárquicos um leilão desprovido de princípios ideológicos e democráticos – e está por esclarecer se não o terá tentado fazer noutros Partidos”.
Num comunicado em que arrasa a figura do presidente de Junta, que apoiou durante 8 anos, o PS diz que a dita candidatura “independente” só é independente porque a Campolargo “não lhe foi permitido instrumentalizar um Partido com 48 anos de história”.
Sérgio Lopes vai mais longe e não vê no surgimento do projeto independente um verdadeiro movimento mas “um instrumento de poder ao serviço de uma pessoa e do seu ego”.
“O PS não é uma barriga de aluguer para dispor o seu património histórico, a sua credibilidade, as suas equipas e base de sustentação social ao serviço de projetos pessoais, intransmissíveis e populistas. Os órgãos do PS escolheram os candidatos que melhor servem o Município de Ílhavo, no quadro da preservação da nossa autonomia política e do respeito pelos ideais que representamos”.
Apesar da mobilização em torno da candidatura de Campolargo e dos avisos de quem vê no surgimento do movimento independente via para o “desastre” eleitoral do PS, a concelhia afirma-se confiante.
“Estamos entusiasmados com as equipas que estamos a construir e com o programa eleitoral que estamos a elaborar em diálogo permanente com a comunidade. Estamos seguros que a maioria que quer uma mudança na governação da autarquia tem no PS a escolha evidente, e no Eduardo Conde, o cidadão mais bem preparado para liderar a Câmara Municipal – e a sua equipa, comprometida com um projeto coletivo”.