Miguel Viegas (PCP), acompanhado de diversos dirigentes e ativistas comunistas, esteve hoje durante todo o dia no Distrito de Aveiro. A manhã foi passada no Concelho de Ovar e dedicou-se à orla litoral. Durante a tarde, foi realizada uma sessão de contacto com agricultores na Junta de Freguesia de Canelas, Concelho de Estarreja.
"A questão da orla costeira representa um tema recorrente, muito por culpa dos sucessivos Governos que persistem numa intervenção casuística, feitas muitas vezes em situações de emergência e sem qualquer visão de médio ou longo prazo. Como o PCP tem afirmado, a soma obtida com todos os fundos gastos ao longo dos últimos trinta anos na defesa da costa, daria seguramente para por de pé uma solução durável e ambientalmente sustentável", referiu. Depois do anúncio em 2013, do maior investimento realizado até hoje na orla costeira, no valor de 106 milhões de euros, "verificou-se, hoje, que persistem os mesmos erros de sempre. Em vez de uma solução globalmente integrada à escala regional e nacional, continua-se a apostar numa lógica de engenharia pesada, com a deposição de toneladas de pedra em esporões e enrocamentos de qualidade duvidosa, segundo a opinião das comunidades locais, que, lamentavelmente, nunca são ouvidas nestes projetos. Como é fácil de avaliar, se nada for feito para corrigir o défice de sedimentos, todas estas estruturas irão aluir para desespero das pessoas e o mar continuará a fazer os seus estragos nas marés vivas".
Miguel Viegas, sublinhou mais uma vez as propostas do PCP que visam uma redistribuição dos dragados da Ria de Aveiro nos locais mais críticos da orla costeira e particularmente nas praias de Cortegaça e Furadouro. "Da mesma forma, o PCP reclama a realização urgente de um estudo ambiental que avalie os potenciais riscos relacionados com a proximidade da linha de costa com a lixeira de Maceda". Finalmente, o deputado comunista chamou a atenção para o novo Quadro Comunitário de Apoio "representar uma oportunidade para projetos estruturantes à escala regional que poderão contribuir para uma abordagem sustentável desta questão e inverter este ciclo absurdo através do qual os Governos têm desperdiçado milhões de euros do erário público".
Durante a tarde, Miguel Viegas esteve reunido com agricultores do Baixo-Vouga lagunar, numa sessão participada na Junta de Freguesia de Canelas. "Perante o cenário de devastação a que tem sido sujeita a nossa agricultura, fruto de políticas erradas dos governos e da União Europeia", Miguel Viegas contrapôs "a política patriótica e de esquerda defendida pelo PCP". "Uma política assente na valorização da agricultura familiar, como meio fundamental para garantir um desenvolvimento verdadeiramente sustentável do nosso território e da nossa produção. Infelizmente, as políticas agrícolas e a nova PAC continuam assentes numa lógica mercantil de cariz liberal que privilegia as grandes empresas e as grandes explorações do agronegócio. O PCP defende uma política de preços que garanta uma mais justa distribuição da riqueza criada ao longo da cadeia produtiva, e não o atual modelo em que a grande distribuição suga toda a mais-valia criada, à custo do produtor. É nesta visão global que se insere a necessidade de uma política de investimento publico em infraestruturas fundamentais, como é o caso da conclusão do Projeto do Baixo-Vouga lagunar que poderia permitir a valorização de mais de 13 mil hectares de regadio. Como foi dito, não basta criar a infraestrutura. São necessárias políticas que permitam uma exploração sustentável de toda a área, com apoios específicos à instalação de jovens, invertendo assim uma tendência preocupante de envelhecimento dos agricultores".