Sérgio Lopes despede-se do mandato autárquico na Câmara e transita para a Assembleia Municipal e no dia da última reunião do mandato, em que desempenhou funções de Vereador de Oposição, eleito pelo Partido Socialista, em Ílhavo, assinala publicamente “orgulho” pelos oito anos de exercício desta tarefa em representação dos cidadãos.
“Foi uma honra ter tido esta oportunidade e estou grato àqueles que nos confiaram esta missão”.
Numa nota de despedida, o vereador recorda o contacto com autarcas da Câmara, Assembleia Municipal, Assembleias de Freguesia e Juntas e funcionários municipais.
“No exercício desta função, cruzei-me com muitos cidadãos de exceção e, independentemente das divergências salutares da vida democrática, estou certo de que nos moveu sempre, acima de tudo, o superior interesse do Município e dos nossos conterrâneos”.
O vereador entrou neste mandato em substituição de Eduardo Conde deixando claro que procurou assumir uma “oposição responsável”.
“Não uso o plural como instrumento retórico, porque apesar de ser o único Vereador do PS, nunca desenvolvi trabalho sozinho. Estive sempre articulado com os órgãos e os demais autarcas do meu Partido, em trabalho de equipa. Criticámos quando tínhamos que criticar, sempre com sugestão de caminho alternativo; apoiámos quando concordámos; viabilizámos quando o que estava em causa era a estabilidade da governação; chumbámos quando se impunha manter intacto o melhor interesse para o Município e os munícipes”.
Na hora da saída revela que não conseguiu que as reuniões estivessem “mais próximas dos eleitores” e em “respeito pelas minorias”, “devido à obstrução da maioria UpF”. Lamenta que as reuniões tenham passado para o horário da manhã, “prejudicando a presença do público”, e sem transmissão em direto e com “excesso de reuniões de caráter privado, face ao necessário”.
“Seria um exercício de hipocrisia política se tecesse loas de bom relacionamento político com a maioria UpF, que se comportou como sendo absoluta, apesar de relativa, e repetiu os tiques das maiorias anteriores, de autoritarismo e fechamento sobre si própria. Mas esforçámo-nos por manter um bom relacionamento institucional. O diálogo fez falta, com prejuízo para o Município.
Cumpria a quem liderou, criar esse espaço, que só existiu em casos extremos. Que neste novo ciclo outros saibam fazê-lo, sabendo-se que é de quem lidera que mais depende o sucesso dos processos de diálogo que, neste quadro político fragmentado, são cada vez mais importantes para que se faça o tanto que há a fazer pelo concelho”.
No rescaldo das eleições saúda os eleitos assinalando a segunda mudança aos comandos da autarquia em quatro anos decidida por um eleitorado “em busca de protagonistas que lhes entreguem políticas e posturas distintas”.
“No dia 12 de outubro, a maioria dos eleitores reprovou o rumo seguido nos últimos quatro anos, manifestando que não foi o UpF essa força motriz da mudança que se desejava, portanto, exige-se a quem venceu agora saber interpretar a sua vitória como um mandato de mudança. O contexto de maioria relativa, novamente resultante da vontade popular, é bem expressivo de que os ilhavenses desejam ação autárquica suportada no diálogo e na convergência de diferentes perspetivas, como forma de construir uma política municipal deste tempo”.
Para o PS reserva um espaço de “oposição responsável” capaz de “dar o seu contributo ao serviço da igualdade de oportunidades, do reforço da escola pública, da saúde de qualidade para todos, da habitação digna e acessível para os que podem menos e para os remediados, do espaço público inclusivo e vivo, da sustentabilidade ambiental, do comércio da nossa gente, da comunidade empoderada”.