O Orçamento da Câmara de Ílhavo para 2025 foi aprovado com os votos da maioria "Unir para Fazer" e abstenção dos vereadores do PSD numa reunião em que o PS esteve ausente por uma questão de saúde de última hora.
A maioria independente garante, assim, a aprovação do último orçamento do mandato, o maior na história da autarquia, garantindo condições ao cumprimento dos quatro anos de mandato sob liderança de João Campolargo em maioria relativa.
São cerca de 70 milhões de euros num ano em que as obras em três empreendimentos de habitação, duas unidades de saúde e três escolas (duas básicas e uma secundária) concentram parte substancial dos esforços financeiros.
O Partido Socialista tinha definido a abstenção como voto para Plano e Orçamento na reunião desta quarta-feira mas a ausência forçada impediu essa presença de Sérgio Lopes no debate.
Considera que esta seria a posição “responsável” como forma de garantir “viabilidade à governação da autarquia e, para esse efeito, não sonegar este instrumento orçamental à Maioria UPF”.
A estrutura socialista concelhia analisou os documentos e conclui que seguem em linha com a política orçamental do PSD, assente numa “postura de gestão corrente, ao sabor dos acontecimentos, mal disfarçada pelos investimentos definidos pelo anterior Governo, financiados pelo PRR, cuja gestão de empreitadas ficou a cargo do Município no quadro da descentralização de competências”.
O PS nota “falta de visão” para o Município, encoberta por “grandes investimentos suportados por fundos europeus”.
“Prova maior dessa ausência de pensamento e de ambição para o Município é o vazio de informação programática sobre as diversas áreas de intervenção da autarquia, e respetivos pelouros, que explicite a visão da política, os objetivos setoriais, e as medidas a implementar durante o ano”.
Nota “imobilismo” e “miserabilismo” orçamental patente no que diz ser os “milionários saldos de gerência”, com melhoria de receitas ao longo do mandato mas sem o correspondente “aumento do investimento na comunidade”.
Defende que esse quadro financeiro dava margem para um alívio na carga fiscal, para além da redução do IMI para a taxa mínima, e garantia condições para uma ação política mais ambiciosa.
“A falta de capacidade de investimento na comunidade reflete-se, sobremaneira, na inexistência de medidas suplementares de apoio a famílias, associações e comerciantes para os ajudar a fazer face aos aumentos acumulados dos preços que se registaram nos últimos anos”.
Quanto aos setores mais debilitados e mais sensíveis, o PS aponta para medidas em falta na Educação, Saúde e Habitação, exatamente os que concentram grande parte dos esforços financeiros do próximo ano.
Diz que a intervenção política não se pode esgotar em obras financiadas pelo PRR mas em ações e medidas que conferem apostas de suporte às famílias.
A fechar o debate sobre o lançamento do quarto ano de mandato, o PS sublinha que depois do castigo ao PSD também não é o movimento independente a “resposta alternativa”.
“A culminar o mandato autárquico, no último orçamento municipal apresentado, resulta claro que essa mudança não reside no UPF. Esta é a Maioria do populismo que açambarca para si os méritos dos outros, da promessa fácil sem concretização à vista; e do comodismo, sustentado no imobilismo sem pensamento e ambição”.