O PCP admite que enquanto o Governo continuar agarrado ao Tratado Orçamental será difícil evitar políticas de austeridade. A direção regional de Aveiro do Partido Comunista Português reuniu para analisar temas da atualidade e reclamou méritos na forma como algumas medidas foram revertidas pelo Governo de António Costa mas vê “limitações decorrentes dos compromissos internacionais”. Assume que falta ao Governo PS “fazer uma rotura sólida e efetiva com as políticas de anteriores governos em muitas matérias”.
E acusa a União Europeia de protagonizar uma estratégia de ingerência e chantagem internacionais. “As pressões diretas e indiretas feitas por instituições e personalidades da estrutura da UE e FMI são reveladoras do desconforto de alguns sectores do grande capital com esta, ainda que limitada, reversão de políticas. O recém-eleito Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa tem-se associado a esta orientação, prosseguindo, no essencial ainda que com um estilo diferente, a mesma linha de apelo aos consensos entre PS, PSD e CDS, para continuar a política de direita”.
Vê falta de “profundidade” do Governo em questões como a “renegociação da dívida pública, o controlo público da Banca e a exigência da afirmação de soberania nacional face às imposições da UE e do Euro”.
Para o PCP, o quadro internacional é marcado pela continuação de uma “brutal ofensiva imperialista” espelhado em questões como a instabilidade no Brasil, a crise dos refugiados ou o escândalo “Panama papers”.
Quanto ao distrito de Aveiro fala em agravamento das condições de trabalho e precariedade que agravam as condições de saúde dos trabalhadores e deixa uma lista de temas que merecem relevância na ação das autarquias e dos Governos.
“O alastramento da precariedade e do desemprego, os baixos salários, a ausência de resposta adequada à questão do Baixo-Vouga Lagunar, as grandes dificuldades dos agricultores (particularmente crítica para os produtores de leite) e pescadores, a continuação de falta de médicos e meios para adequados cuidados de saúde, as graves limitações à mobilidade colocadas pelas portagens nas ex-SCUT e a inexistência de medidas concretas de revitalização da Linha do Vale Vouga são, entre muitos outros, problemas que exigem resposta urgente e determinada”.
A campanha contra a precariedade vai incluir no dia 17 de Maio a realização de uma ação de contacto junto das trabalhadoras da Hubertricot (Santa Maria da Feira), e em 20 de Maio, um comício, precedido de um desfile pelas ruas de Ovar com a participação de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP.