O Presidente da Câmara de Aveiro manifesta desagrado pela forma como a Junta de Eixo Eirol apresentou a obra de renovação da Junta, ao abrigo do contrato de delegação de competências, e acusa José Carlos Morgado de falta de cooperação institucional por não acertar a data da inauguração e ter colocado a discursar na cerimónia de sábado o vereador da oposição.
Ribau Esteves visitou a obra na manhã desta segunda-feira, 23 de agosto, depois de uma obra de requalificação de 237 mil euros, com apoio de 83 mil da autarquia aveirense.
A Câmara lembra que a apresentação ou inauguração das obras ao abrigo da delegação de competências é, por norma, consensualizada entre autarcas.
Ribau Esteves entende que a marcação da apresentação para sábado à noite tratou de inviabilizar a presença do presidente da Câmara, presente no Festival Dunas de São Jacinto, e do vice presidente em gozo de férias.
“No respeito pela devida cooperação institucional que sempre realizámos em ações de investimento público conjunto da Câmara e de qualquer das dez Juntas de Freguesia, os Presidentes das duas instituições honraram sempre as entidades e os seus Cidadãos, pelo que se considera incompreensível que a um mês das eleições autárquicas, tenha sido a primeira vez que uma Junta de Freguesia tenha dispensado ostensivamente a presença da CMA”.
O autarca revela ainda surpresa pela intervenção do vereador e candidato do PS, Manuel Sousa, na cerimónia.
Ribau diz que inaugurações de obras públicas têm ao nível da autarquia a “representação formal do seu Presidente”, considerando o episódio de “inusitado e até ridículo” pela representação assegurada por quem não tinha essa competência delegada.
O autarca considera que o momento eleitoral estará na origem desta “troca de papeis”.
“Seguramente que o nervosismo e a errada vivência do período pré-eleitoral feita pela Junta de Freguesia de Eixo / Eirol e pelo seu Presidente (que também é recandidato a Presidente da Junta pelo PS) e pelo Vereador Socialista Manuel Sousa (que também é recandidato a Presidente da Câmara pelo PS) estão na origem de tão lamentável e absurdo episódio”.
O desagrado estende-se à forma como o autarca de Junta falou sobre a eventual desigualdade nos apoios a Juntas, citando o exemplo de uma obra em Cacia.
Em causa a recuperação da Casa do Conselheiro Nunes da Silva, futura Sede da Junta de Cacia, cuja obra está orçada em 535 mil euros com uma comparticipação de 160 mil.
Ribau Esteves diz que no caso de Eixo o apoio é de 35% e em Cacia cerca de 30%.
“Trata-se portanto de uma declaração deplorável e muito triste, preferindo o PS confundir, desonrar e acicatar as populações de Eixo e Eirol e Cacia, quando todos bem sabemos que no caso de Cacia, a recuperação daquele Edifício para albergar a Sede da Junta de Freguesia é uma luta daquela comunidade há várias décadas e que os fundos conseguidos para a sua qualificação vêm do trabalho de vários Executivos Locais e de todos os Cidadãos daquela localidade”.
Em declarações ao Diário de Aveiro, o autarca de freguesia diz que não tem obrigação de saber qual a agenda do presidente da Câmara.
O diferendo entre o PS e a maioria tem conhecido episódios nas duas freguesias de maioria socialista.
No verão deste ano foi notícia a troca de palavras a propósito do facto do presidente da Junta de São Jacinto não ter sido chamado a hastear uma das bandeiras no hastear da bandeira azul.
Mais recentemente, foi a situação financeira de São Jacinto a motivar críticas mútuas.