Aveiro: “Devo um pedido de desculpas àqueles que me advertiram sobre os perigos do partido Chega para a democracia" - Cândido Oliveira.

Concelhias do Chega, em revolta, contestam a liderança distrital.

Aveiro e Ílhavo vivem clima de tensão com alegações de falta de condições para trabalhar em articulação.

Poucos meses depois das eleições está criado um cenário de crise.

O candidato do Chega à Câmara de Aveiro nas autárquicas de 2021 foi expulso do Partido liderado por André Ventura mas promete reagir.

Cândido Oliveira que foi nos últimos anos voz do Chega, em Aveiro, diz ter sido afastado pelo facto de ter “pedido a impugnação das eleições de 10 de Dezembro para a Distrital de Aveiro e de ter informado o partido que nunca iria aceitar um condenado por violência doméstica como presidente da Distrital”.

O dirigente pediu a impugnação alegando que o boletim de voto configurava uma “forte violação das regras de qualquer ato eleitoral” pela disposição das listas.

Alega erros dos votantes induzidos pelo boletim com reflexo nos resultados finais.

Em sucessivas notas publicadas nas últimas semanas, Cândido Oliveira fale em “pedido de desculpas às centenas de portugueses que levei a que acreditassem que o partido Chega e André Ventura eram a única salvação para Portugal”.

E afirma que o Chega é “perigo” para a democracia.

“Devo um pedido de desculpas àqueles que me advertiram sobre os perigos do partido Chega para a democracia. Reconheço hoje essa triste realidade. Devo um pedido de desculpas a todos quantos me diziam que o partido Chega era um partido sem quadros (um partido de um homem só) e sem projetos de fundo para o país. Eu acreditava que com o tempo os quadros iriam surgir para dar credibilidade ao partido. Infelizmente o tempo veio pôr a nu outras fragilidades que lhe serão fatais. Os deputados realmente bons contam-se pelos dedos de uma mão”.

Cândido Oliveira arrasa o Chega e diz que o Partido subverte os valores de origem.

As crises internas na região de Aveiro afetam também a concelhia de Ílhavo onde Márcio Sousa, vice presidente da estrutura, apresentou a demissão e passou à condição de independente na Assembleia de Freguesia da Gafanha da Encarnação.

Alega “falta diálogo” e “falta transparência” na gestão do Partido.

Poucos meses depois de ter apoiado a candidatura de Pedro Alves à distrital diz que não há condições para manter a colaboração.

“Não concordo com a forma de trabalhar desta distrital”.

O ex-dirigente revela que há mais concelhias a apresentar a demissão.