Foi um debate em torno dos quatro anos de mandato de Ribau Esteves em Aveiro com criticas da oposição à forma como liderou a autarquia a quem apontaram o dedo pela concretização de um programa que não teria relação com o apresentado a sufrágio.
O PCP afirma que se podem repetir as medidas de 2013, o BE diz que houve um enorme aumento de impostos, o PS reclama uma política de proximidade e de eficiência coletiva que não conseguiu ver ao longo de quatro anos, o PAN defendeu a valorização de temas que estão no fundo das agendas políticas e Ribau Esteves defende que os aveirenses hoje já conseguem rever-se na sua autarquia e considera que o processo de recuperação não pode parar.
São as ideias fortes do debate desta quarta, na Terra Nova, com Manuel Oliveira de Sousa (PS), o atual Presidente Ribau Esteves (PSD/CDS-PP/PPM), Nelson Peralta (BE), Miguel Viegas (CDU) e Jorge Morais (PAN).
O candidato do PS à Câmara Municipal de Aveiro, Manuel Oliveira de Sousa sublinhou, no decorrer do debate de hoje, na Terra Nova, que a autarquia aveirense, liderada por Ribau Esteves, “cumpriu com as suas obrigações” após a eleição, mas, depois “foi incumpridora durante todo o mandato”, relativamente às “promessas feitas” ao eleitorado.
O candidato socialista falou da questão dos transportes públicos, dizendo que a concessão feita “não foi boa” e que o IMI foi aumentado num primeiro momento e só baixou “graças as decisões do Governo”.
O 'estudo' prometido para o desenvolvimento do Planeamento Urbanístico “nunca apareceu, até hoje”, vincou. Disse que a 'Coligação' “arrumou mal as pessoas” que trabalham na estrutura camarária “provocando o seu descontentamento”.
No que diz respeito à “liderança regional” assumida por Ribau Esteves, disse que “não existe” e que o autarca “não trouxe benefícios directos para Aveiro”. “Aveiro está pior, as pessoas estão cansadas de não poderem participar nos projectos da Câmara (…) nós vamos ouvir as pessoas e vamos dar um 'rumo' a Aveiro (…) no último ano Ribau foi eleitoralista, vejam os caso do Canil e das Bugas (…) queremos reconstruir o futuro com modernidade, voltar à vanguarda".
Para Manuel Sousa “as pessoas queixam-se e a Câmara não lhes dá respostas (…) Ribau virou as costas às pessoas durante três anos e os aveirenses estão cansados que lhes prometam 'gato por lebre'”, disse.
“Vamos aproveitar o mandato para recolocar Aveiro no sentido da modernidade (… ) não prometo ligações rodoviárias Aveiro-Águeda, nem o Parque de Estacionamento no Rossio. Prometo planos estratégicos com a participação dos munícipes."
Acção Social, Associativismo, Desporto, “também serão prioridades”. “Queremos promover a Carta Educativa que interage com os clubes, pretendemos descentralizar competências, apostar nos transportes públicos, no turismo, na cultura. São 'filões' onde temos de investir, com transparência na gestão dos dinheiros”. Manuel Oliveira de Sousa disse que aposta na “resolução dos problemas da austeridade, baixando impostos, nomeadamente do IMI, a resolução do problema dos transportes e a delegação de competências com uma política de proximidade".
O candidato do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara Municipal de Aveiro, Nelson Peralta, disse que os quatro anos de mandato de Ribau Esteves “foram maus”. Ribau “mentiu aos aveirenses (…) disse que não subia os impostos e subiu, os autocarros foram entregues a privados e no urbanismo foi um fracasso, porque nada fez na reabilitação urbana”.
“Não há politicas de acção social (…) é um município pior com as pessoas pior, foi um fracasso absoluto”, adiantando que Ribau Esteves “se apresentou como D. Sebastião e agora diz que é vitima porque não conseguiu fazer nada, por dificuldades financeiras”, assumindo-se como alternativa.
“Não queremos politicas antigas, desfasadas. Em Aveiro temos de derrotar a Direita e dar espaço ao BE, vamos ao encontro de todos, com menos impostos e mais serviço de acção social”. Aposta em retomar “os transportes públicos" e "inter-municipalizar os transportes públicos”.
Vincou que Ribau Esteves “sente-se derrotado (...) temos de o derrotar”, disse, acrescentando que “é um politico do passado e está completamente ultrapassado”. "Queremos um orçamento participativo de verdade, não um de mentira”.
Ribau Esteves, recandidato da coligação PSD/CDS-PP/PPM à presidência do município, assegurou que a Câmara de Aveiro está “organizada e a funcionar bem”. “Pagámos 50 milhões - (um terço da dívida) e dois terços estão reestruturados (…) pagámos a quem devíamos, agora somos livres e autónomos”, referiu.
Educação, Acção Social, Cultura, Ambiente, Qualificação Urbana e questões rodoviárias, “serão prioridades”. “Fomos à conquista de recursos financeiros para investir, estamos em pleno desenvolvimento de obras. Temos um fundo de apoio às famílias e continuamos a apostar na habitação social. Temos o investimento privado em crescimento e a liderança politica regional e nacional, em alta”.
“O mandato foi bom”, disse, exemplificando com os 'milhões' previstos para os projectos de obra no Baixo Vouga Lagunar”, (18 milhões negociados) para adjudicar a obra “já em execução”.
Ribau Esteves disse que “não há pessoas 'arrumadas' na Câmara. São bons profissionais, são bons em tudo. O ambiente de trabalho é óptimo”. Aveiro “está melhor, a Lei é que mandou aumentar o IMI, a autarquia funciona melhor, tem melhores serviços, pagamos tudo o que compramos”, reforçou.
“O desemprego desceu e há mais investimento privado, o turismo cresceu, já investimos na rede viária quatro milhões de euros de um total, estimado, de 15 milhões”. Nas questões da mobilidade disse que se vão desenvolver projectos inter-municipais e que se pretende criar “transportes 'a pedido' com a oferta de pequenas viaturas que vão ao encontro das pessoas nas Freguesias”.
As redes ciclaveis “estão em desenvolvimento” e a frota de autocarros “foi muito melhorada” porque, justificou “80% dos autocarros foram para a sucata”. Ribau Esteves deseja que o município possa gerir a Baía de São Jacinto e a zona da antiga Lota, que pertencem à Administração do Porto de Aveiro. O candidato da Coligação "Aliança com Aveiro" realçou que o trabalho realizado nos últimos quatro anos foi "fundamental" para que hoje a Câmara "tenha credibilidade”.
O candidato da Coligação Democrática Unitário (CDU), o Eurodeputado Miguel Viegas, criticou o Presidente da Câmara Municipal de ser “arrogante e secundarizar as pessoas". “O PSD pode agarrar no Programa de há quatro anos e alterar a data (…) prometeram e não cumpriram quase nada, foi um embuste. As promessas de milhões, são as mesmas promessas de hoje. Foi um mandato negativo. As pessoas estão cansadas de promessas que não são cumpridas”, disse.
“Aveiro está pior. Nos transportes públicos desinvestiu-se. As pessoas estão mais pobres devido à carga de impostos (...) Aveiro estagnou porque não teve pensamento estratégico, porque não resolveu o problema das Freguesias limítrofes”, disse, adiantando ter dúvidas sobre “os fundos de 18 milhões para o Baixo Vouga, que não estão garantidos”, acusou, o que provocou uma reacção imediata de Ribau Esteves, que garantiu ter os documentos comprovativos, “em mãos”.
Segundo o candidato, "os Bombeiros têm de pagar do próprio bolso a passagem para São Jacinto e as multas de estacionamento na cidade". Ribau Esteves, garantiu que esse era “um problema resolvido”. A CDU foi, nestes últimos anos, "a força opositora que se impôs, à subida dos impostos, à privatização dos transportes, mas também quem mobilizou as pessoas”.
Jorge Morais, candidato do PAN, disse que o mandato de Ribau “serviu para pagar a dívida (...) era a condição mínima, tinha de fazer isso”. “Fizeram o que tiveram de fazer e não se devem gabar disso”. Sugeriu que o Regulamento da Assembleia Municipal “deve ser alterado para que as pessoas falem no inicio dos trabalhos e não fora de horas”.
Para o candidato do PAN “é prioritário mudar o paradigma da mobilidade na cidade (…) investir nas redes pedonais e nas Freguesias onde nem há passeios”.
O acto eleitoral está agendado para o próximo dia 1 de Outubro e os candidatos que cumpriram ontem o terceiro debate voltam a estar frente a frente na próxima segunda num debate do JN e na Terça no encontro promovido pelo Canal Central e pelo Diário de Aveiro.