Alberto Souto Miranda considera que Aveiro deve unir-se em torno da construção de uma nova estação que não deixe fugir o comboio de alta velocidade e não acredita que o desvio para a estação central seja resposta à integração nessa rede de alta velocidade.
Em artigo publicado ontem no DA, o antigo autarca e antigo Secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, defendeu que a existência de uma linha nova, em novo corredor, deve merecer a criação de uma nova estação.
Reação às declarações de Carlos Fernandes, da IP, que garantiu que a alta velocidade irá até ao centro de Aveiro.
“Ao contrário do que a narrativa apresentada pelo Sr. Eng. Carlos Fernandes anuncia, Aveiro não vai ser uma estação CAV. Pelo contrário: Aveiro fica despromovido para um ramal da velha linha do norte. Aveiro ficará entre Oiã e Canelas, não entre Lisboa e o Porto. Na nova linha CAV, entre o Porto e Lisboa, vão ficar apenas Coimbra e Leiria. Esta é que é a realidade do actual projecto. E esta é uma má realidade quer para Aveiro, quer para o próprio CAV”.
O antigo governante diz que a exploração comercial da nova linha ficaria mais salvaguardada com uma nova estação.
“Não se trata de bairrismo, trata-se de sublinhar que, para a própria exploração do CAV, é importante que ele sirva na linha principal um dos centros que lhe pode propiciar mais clientes (o Baixo Vouga, com 600 mil habitantes…)”.
No artigo publicado, o autarca defendeu que se construa, prioritariamente, uma nova linha CAV no canal da existente Linha do Norte.
“Implica mais um viaduto sobre o Vouga e algumas expropriações. E então? Qual é o custo ambiental e financeiro do troço alternativo? O que será mais conveniente ambientalmente: optimizar um corredor que já está sacrificado há décadas ou rasgar um novo corredor e impor novos ónus a um território que não os tem agora? Será mais caro e custoso ambientalmente ou o contrário ? Não se sabe”.
Caso a opção seja mesmo por novo corredor, ao antigo autarca defende que a nova linha pode acompanhar sensivelmente o canal aberto pela A17 mas “em vez de, na zona de Aveiro (entre Canelas e Oiã) inflectir para Nascente, como está agora previsto, fazê-lo inflectir para Poente” e aproximar esse canal da cidade de Aveiro aproveitando o novo eixo de ligação a Águeda.
“Seria ambientalmente talvez menos agressivo e teria a vantagem de colocar uma nova estação dedicada a 3km do Parque de Feiras, na futura estrada de ligação a Águeda e com excelentes acesso directos a Ílhavo, Estarreja, Ovar, etc. Esta opção Poente não rouba nenhum tempo ao tempo de Lisboa/Porto (é equivalente à de Nascente), nem inviabiliza a optimização da velha linha do norte que continuaria activa, eventualmente com as pequenas ligações à linha do TGV, previstas para Canelas e Oiã”.
Na visão de Souto a nova linha do CAV “pode e deve passar em Aveiro, para melhor defender a rentabilidade da sua exploração e pode passar quer ao lado da actual linha do norte, quer no canal da A-17” e os estudos que estão a ser apresentados mostram, mais uma vez, uma “visão centralista que olha para o resto do país como um custo de 7 minutos, descurando a importância estratégica para a Região e para a gestão da operação”.
“O Governo tem pouco tempo para avaliar impactos regionais. A tecnocracia serve-lhe um modelo sempre financeiramente mais atractivo (mas tantas vezes como agora, com contas comparativas não demonstradas) e politicamente mais impactante (Porto/Lisboa em linha recta e numa hora e 15 minutos) e sobretudo que esteja já pronto, para ser rápido. Mas este projecto é um projecto antigo e é um projecto mau para a Região do Baixo-Vouga e mau para o País”.
O texto de opinião termina com apelo às forças vivas.
“Era bom que autarquias, deputados, porto de Aveiro e associações empresariais, candidatos vários e cidadãos de todos os partidos ou independentes, dessem voz a esta causa. O Sr. Ministro Pedro Nuno Santos é do distrito de Aveiro. Tenho a certeza de que vai olhar para ela e perceber que a defesa dos interesses de Aveiro é o que melhor defende os interesses do País”.