Alberto Souto Miranda critica a “passividade” de Aveiro por não agarrar o legado de Eça de Queiroz e as memórias de família associadas à passagem do então jovem Eça por Aveiro.
O antigo autarca assumiu a crítica no dia em que os restos mortais de Eça de Queiroz foram trasladados para o Panteão Nacional.
Souto diz que o Estado “esteve muito bem” na homenagem mas diz que é também momento de “luto cultural” em Aveiro.
Em texto publicado na sua página de facebook, Alberto Souto lembra as ligações históricas do escritor à cidade e região e a existência, em Verdemilho, Aradas, da casa solar do Avô, Conselheiro Joaquim José de Queiróz.
No local chegou a ser desenhada a instalação de um centro queirosiano.
“Passaram vinte anos e nada foi feito. Sobra uma parede. Os acervos privados existentes e as coleções iconográficas já se perderam ou estão em risco. Há sete anos, em 2017, o Sr. Presidente da Câmara Ribau Esteves anunciou com pompa e circunstância que a obra iria avançar. Nada se fez. A não ser uma bomba de gasolina...e uma estatueta indigna. Preferiu, em Aveiro Capital da Cultura , gastar 1 Milhão de euros, que bem daria para tal centro, em dois desastres escultóricos. O que Eça não diria deles, o que Eça não escreveria sobre estas sumidades insignificantes”.
Em declarações ao Diário de Aveiro, Ribau Esteves respondeu com a ligação à Fundação Eça de Queiroz e ao trabalho conjunto estabelecido pelas duas entidades.
Assume Aveiro como município queirosiano e diz que há “trabalho regular” com exposições, visitas de escolas, lançamento de livros, deslocações à Casa-Museu Eça de Queiroz e jantares queirosianos.
Mais do que a reabilitação do antigo solar, de que resta a fachada, escorada para não cair, Ribau diz que “o mais importante é a obra de Eça de Queiroz, o que interessa mais para a nossa vida, para a cidadania e portugalidade”.