A Câmara Municipal de Águeda formalizou, hoje, o protocolo com a Associação Nacional de Farmácias (ANF) e com a Associação Dignitude que permite implementar, em Águeda, um serviço de preparação individualizada e personalizada de medicação, sendo que Águeda é primeiro Município no país a aderir a este programa pioneiro.
Este serviço farmacêutico diferenciado promove a utilização correta, segura e efetiva da medicação com recurso a um dispositivo de múltiplos compartimentos para a organização de medicamentos, homologado pelo Infarmed, contribuindo para uma redução dos erros de administração de medicação prescrita devido a confusão, duplicações e/ou esquecimentos.
Vai ser implementado em qualquer das 13 farmácias do Concelho de Águeda que venham a aderir a este programa.
Para os utentes que tenham dificuldades económicas, a Câmara de Águeda decidiu atribuir um incentivo.
Os munícipes serão identificados/sinalizados e encaminhados para o projeto pelos Centros de Saúde, pelas próprias farmácias ou pelos serviços municipais, sendo que competirá à autarquia analisar a condição sócio-económica dos utentes, que serão apoiados no acesso a este serviço farmacêutico de acordo com os seus rendimentos.
Para além do protocolo para a prestação deste serviço, a Câmara Municipal de Águeda aderiu ao Programa Abem, da Associação Dignitude, uma Rede Solidária do Medicamento que pretende dar resposta aos problemas de acesso ao medicamento por parte da população carenciada, garantindo que todas as pessoas possam comprar os medicamentos comparticipados que lhes são prescritos.
Jorge Almeida, Presidente da Câmara de Águeda, afirmou que estes dois protocolos são importantes, sendo que num “as pessoas que efetivamente precisam encontram um apoio para que, através das farmácias, possa ser disponibilizada a medicação” e no outro é abrangida “uma franja muito mais larga da população, nomeadamente os idosos, os que estão medicados, e que sentem dificuldades em perceber como e quando os tomar”.
Com este acordo, que une “parceiros fundamentais”, como os serviços de saúde, as farmácias e os municípios, está encontrada a estrutura que permite prestar “um serviço de qualidade e garantir que estes cidadãos têm acesso à medicação, de forma correta e que não seja potenciadora de erros”.
Maria de Belém Roseira, Procuradora da Direção da Dignitude e antiga Ministra da Saúde, salienta a dignidade que está na base deste projeto, que permite apoiar uma franja populacional frágil, mas sem expor as suas fragilidades. Este projeto é um “conceito novo que assenta na inteligência colaborativa”, que coloca a par e em parceria as autarquias, articulando com as farmácias e com os serviços que atuam na sociedade.
Realçando que “uma das marcas do nosso sistema de saúde é a múltipla morbilidade”, em que “as pessoas, muitas vezes, não têm grande capacidade, nem ensinamentos nem qualificação para perceber a gestão dos medicamentos”, este projeto permite “aplanar sobretudo a curva da pobreza e das desigualdades”.
Paulo Jorge Cleto Duarte, Presidente da ANF, salientou que este projeto acrescenta uma nova dimensão à relação, no âmbito da saúde, da solidariedade com o poder autárquico e com os munícipes.
“Há muitas lacunas por cumprir na proteção da saúde da população; as pessoas precisam de cuidados adicionais, além da terapêutica, e este protocolo vem trazer esse cuidado adicional, atacando diretamente num dos maiores problemas de saúde pública a nível global que é a não adesão à terapêutica ou tomar muitos medicamentos errados na altura errada”. Segundo o dirigente, vai ser possível “garantir que as pessoas mais frágeis vão saber tomar melhor a sua terapêutica, vão ser melhor ensinadas na sua literacia de saúde e vão ter uma melhor gestão da sua medicação”.
Carolina Mosca, Presidente do Colégio de Farmácia Comunitária e em representação da Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, considerou essa parceria entre as várias áreas (saúde, solidariedade e autarquias) “de extrema relevância” e que tem o foco central no doente.
“Este protocolo vai, sem dúvida alguma, facilitar e ajudar as pessoas de maior necessidades no que toca à gestão da terapêutica, sempre em prol do doente”.
Refira-se ainda que Jorge Almeida, Presidente da Câmara de Águeda, foi declarado Cidadão Abem, tendo recebido um diploma da Associação Dignitude, cujo Programa Abem já tem mais de 16 mil beneficiários.