Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, defendeu hoje que é um erro considerar que há territórios condenados à partida a ser menos desenvolvidos do que outros.
A declaração foi feita na Sessão de Encerramento do 8.º Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal”, no Cine-Teatro Paraíso, em Tomar (com áudio).
“Não há territórios condenados. Temos de acabar com o mito de que há territórios predestinados para o turismo e há outros em que não vale a pena apostar. A pandemia de covid-19 provou-nos o contrário: mostrou que a diversidade e a singularidade estão presentes em qualquer um dos nossos territórios”, sublinhou Pedro Machado, durante a apresentação das conclusões do encontro, que juntou cerca de 30 especialistas em Tomar, ao longo de quatro dias de debate, numa organização do Turismo Centro de Portugal e do município de Tomar.
Combater a falta de capital humano é, para Machado, o grande desafio dos territórios.
“A soma entre inteligência, conhecimento e sustentabilidade é a chave para o futuro desta atividade. Estamos confiantes num futuro que faz as pessoas mais felizes. O turismo é a indústria da paz”, disse ainda Pedro Machado.
O dirigente da TCP deixou mensagem de esperança para o futuro por considera que o território do Centro tem o que as famílias procuram num mundo agitado (com áudio)
Os diferentes painéis abordaram temas que sendo pré-pandemia continua em voga.
Um dos atuais é o novo aeroporto.
Alexandre Marto Pereira, vice-presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, deixou também o seu contributo, assentindo que a pandemia não mudou assim tanto o panorama geral.
“Antes da pandemia, o que se discutia era o novo aeroporto, hoje volta a estar no centro da discussão”, exemplificou.
Relativamente aos números da procura, frisou que a recuperação não é uniforme.
“Alguns mercados continuam com uma procura muito abaixo dos níveis pré-pandemia, como é o caso do Brasil”, recordou. O futuro desta atividade, concluiu, passa por “mais autenticidade, mais eficiência e mais sustentabilidade”.Posição mais consensual é gerada em torno da marca.
Portugal é hoje uma marca forte nos mercados externos e que “acrescenta valor aos negócios” mas ainda uma marca vista como “barata”.
Miguel Poiares Maduro, reitor da Católica Global School of Law e Presidente do European Digital Media Observatory e do Gulbenkian Future Forum, alertou para a necessidade do país preparar novas crises.
“É possível estarmos mais bem preparados para futuras crises. Falhámos na perceção dos riscos futuros, como aconteceu com a pandemia e a guerra na Ucrânia. É fundamental incorporar nas políticas públicas a avaliação dos riscos futuros, endógenos e exógenos”, sublinhou, ilustrando com uma metáfora. “Como somos um país pequeno, com pouca força para alterar as marés, devemos conseguir antecipar as boas ondas para surfar”.
A intervenção final do painel coube a Jorge Brandão, vogal da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, que referiu a forma como as crises inesperadas influenciam o financiamento comunitário.
“Antes da Covid já tivemos os incêndios, em 2017. São crises inesperadas, que criam fatores de incerteza nos beneficiários dos fundos e nas empresas, com consequências na execução”, disse.
Nem tudo é negativo, no entanto, e a região mostrou ter grande resiliência.
“Muitos empreendimentos na região Centro são mais do que projetos empresariais, são projetos de vida, de pessoas que apostaram na região e são diferenciadores. Isto permite às empresas, com grande esforço, ultrapassar as dificuldades nos momentos de crise”, elogiou.