Mais de uma centena de pessoas participaram na sessão de informação “Uma solução para a Floresta de minifúndio: Áreas Florestais Agrupadas (AFA)”, organizada pela Associação Florestal do Baixo Vouga em Albergaria-a-Velha.
Especialistas e proprietários florestais, que integram os projetos pilotos de Águeda e Vagos, deram o seu testemunho e falaram sobre as especificidades das AFA.
Nuno Trindade, da Área Florestal Agrupada da Pedricosa (Vagos), considera que o modelo é positivo e está a dar frutos.
“Apenas com projetos como as Áreas Florestais Agrupadas podemos aspirar a retirar rendimento das propriedades, bem como ter a certeza de que contribuímos para o correto ordenamento do território e redução do risco de incêndio. Vejo as Áreas Florestais Agrupadas como uma alternativa viável, muito graças ao trabalho desenvolvido pela Associação Florestal do Baixo Vouga”.
Pedro Ferreira, Área Florestal Agrupada da Panasqueira (Águeda), defende o sucesso da medida.
“Para quem tem propriedades pequenas, as Áreas Florestais Agrupadas são a solução, caso contrário a Floresta vai para o abandono. A única forma de contornar isso é através da união entre os proprietários. Durante este processo, fomos apoiados tecnicamente pela Associação Florestal do Baixo Vouga e estamos a apostar numa Floresta sustentável que respeita o Ambiente. Gostava que todos os meus terrenos estivessem integrados em Áreas Florestais Agrupadas”.
Nuno Duarte, da Área Florestal Agrupada de Carregal (Aveiro), reforçou esse peso da medida pelo impacto causado.
“Outra das vantagens é que as Áreas Florestais Agrupadas ajudaram a identificar parcelas da nossa família, através da georreferenciação. Não podemos brincar aos quintais, é preciso ganhar dimensão. Com as Áreas Florestais Agrupadas, a gestão é apoiada por técnicos qualificados, libertando-nos para outras atividades. O meu interesse em investir na Floresta aumentou de 8% para 80%”.
Para a AFBV, além dos ganhos de eficiência junta-se a capacidade de decidir a valorização do património sem depender da Administração Central.
“Precisamos fazer o que depende de nós e as AFA são um bom exemplo disso. É um projeto que depende apenas da vontade de cada proprietário florestal em tornar a sua propriedade mais valorizada, segura e rentável”, afirma o engenheiro António Guimarães, presidente da AFBV, sublinhando que “a associação vai continuar a exigir, junto das entidades competentes, políticas florestais adequadas para os proprietários florestais da Região de Aveiro”.
Luís Sarabando, responsável técnico da AFBV, falou sobre as especificidades técnicas deste modelo de gestão conjunta.
“Depois de 20 anos a trabalhar a floresta de pequenas dimensões estou convicto que só há um caminho: unir as pessoas para a gestão comum das propriedades. Em conjunto, os proprietários conseguirão tornar os projetos viáveis: poupar nos custos dos trabalhos, utilizar técnicas adequadas, reduzir os riscos dos investimentos e cumprir com as exigências legais e de proteção ambiental”.
Oliveira Baptista, do Instituto Superior de Agronomia, que tem dedicado grande parte da sua vida a estudar as questões sociais da Floresta, alertou que é fundamental dar a devida importância aos proprietários florestais.
Aproveitou para deixar a mensagem de que a Administração Central deve lançar políticas públicas em que os reais destinatários sejam os proprietários e as associações florestais.
Mostrou-se satisfeito por ver a “casa cheia”, o que na sua opinião revela a força do associativismo na região e fez votos para que a dinâmica ali demonstrada seja replicada em outras regiões do país.
António Loureiro, presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha e vice-presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, onde é responsável pela área das Florestas, felicitou a associação pela iniciativa e deu testemunho do bom trabalho que a AFBV tem desenvolvido na Região de Aveiro, em especial em Albergaria-a-Velha.
Afirmou que o Município “não teria as atuais políticas florestais, sem o contributo da AFBV, que com técnicos qualificados, capacidade e experiência, tem afirmado a importância do seu papel na região”.
Silvério Regalado, presidente da Câmara Municipal de Vagos, recordou que os incêndios florestais de 2017 alertaram para o problema das propriedades florestais desordenadas e que as AFA são uma solução neste sentido.
Recorde-se que no concelho de Vagos localiza-se um dos projetos pilotos das AFA (AFA da Pedricosa), sendo entendimento da autarquia que se trata de uma iniciativa inovadora que ajuda a reduzir os riscos de incêndios.
São áreas florestais superiores a 10 hectares constituídas por cinco ou mais parcelas de terreno continuas e pertencentes a cinco ou mais proprietários, sujeitas a um plano de gestão florestal e a um plano de investimento comuns.
A AFBV apoia os proprietários durante todo o processo de constituição das AFA, através de assessoria técnica e jurídica, incluindo o acesso a comparticipações financeiras.