Da Direita à Esquerda, o modelo apresentado pelo Governo como base de apoio às empresas está a ser criticado em toda a linha.
Na região de Aveiro são vários os empreendedores desagradados com as soluções apresentadas.
Gonçalo Fonseca, empresário com passado na política sob a bandeira do PS, diz que as propostas do governo para ajudar os setores mais afetados com a crise “são um engodo”.
“Um exercício profundamente enganador para empregados e empregadores. E mais uma benesse para os bancos fazerem negócio. Um engodo porque colocam as empresas a assumir a quase totalidade do prejuízo, obrigando-as a endividar-se num cenário económico que se avizinha trágico, com empréstimos de curto prazo que as vão asfixiar. Enganador porque é carregado de burocracia, de documentos e relatórios, de datas e certificações, de carimbos e assinaturas. Que vão deixar metade pelo caminho e fazer esperar a outra metade. Uma prática que resume uma cultura de desconfiança e de complicação”.
Gonçalo Fonseca afirma que os bancos continuam no “centro de tudo” sem que “prescindam de nada” mas, pelo contrário, preparados para somar “mais umas centenas de milhões à custa dos que passam todas as dificuldades”.
Gonçalo Fonseca, CEO na empresa “Everything About Sushi”, antevê “dias negros” para a economia.
“E para os que, como eu, defendem uma presença forte do estado, precisamente para garantir que não deixa cair os seus cidadãos e empresas, é uma profunda desilusão. Espero que alguma coisa ainda se altere”.
Um texto que motivou reações junto de altos dirigentes do PS a nível nacional que já pediram sugestões para melhorar o sistema.
Ana Catarina Mendes, líder Parlamentar, assume que é possível melhorar esse pacote de apoio.
Carlos Pedro Ferreira, empresário que foi candidato pelo PP à Câmara de Ílhavo como candidato independente, admite estar revoltado com a forma como o Estado lida com as consequências da pandemia.
“Não há nenhuma medida que se aproveite pois quem paga a paragem deveria ser o Estado que recebe dos privados o mesmo que os funcionários do Estado, ou seja 11% deles e da entidade patronal 23,75%. Mas mais, quando existe um problema, bancos, escolhas duvidosas não é o Estado que paga somos todos, solidários em coisas que nem perguntaram a opinião”.
O gestor vê nas medidas um convite ao endividamento.
“Isto é um espetáculo surreal da nossa Democracia com total desrespeito pelas pessoas, das empresas, dos empresários que fazem a Economia. A salvaguarda do trabalho tem que escolher o endividamento das empresas, face à falência das mesmas”.