O Bloco de Esquerda reage à decisão do Governo de dar “luz verde” à laboração contínua na Navigator.

Com a autorização garantida, o BE diz que “fazer papel não devia obrigar a trabalho 24 horas por dia”.

A Navigator Tissue Aveiro tinha essa ambição em defesa da sustentabilidade da indústria tendo referido que o volume de vendas ficaria comprometido caso a mesma não fosse aprovada.

“Por outras palavras, a garantia dos lucros da empresa sobrepõe-se a uma sociedade onde a economia e o trabalho se organizam em função do bem-estar social e laboral”, acusa o BE.
Atualmente, o Bloco de Esquerda tem uma campanha e uma petição sobre o trabalho por turnos, situação que afeta 800 mil trabalhadores no país.

Entende que tal aconteça em áreas como a saúde mas considera que na indústria do papel ou da cortiça essa não é uma tarefa urgente.

A petição alerta para os riscos do trabalho por turnos para a saúde “com perturbação do sono, problemas cardiovasculares, maior risco de depressão e de cancro”.

“A vida familiar, o tempo para descanso, lazer e formação são terrivelmente afetados. São anos de vida e de bem-estar negados. O descanso é sempre insuficiente, em particular na mudança do turno. A idade da reforma chega tarde, depois de esgotados e muitas vezes doentes”, refere o BE que aponta para um quadro em que as vidas estão “desencontradas”.

Na lista de medidas para mitigar o problema, o BE defende subsídio por turnos obrigatório (mínimo 30% do salário base); 24 horas de descanso na mudança de horário de turno e dois fins-de-semana de descanso, no mínimo, a cada seis semanas de trabalho por turnos; Máximo de 35 horas semanais para quem faz trabalho por turnos ou noturno; Antecipação da idade de reforma em seis meses por cada ano de trabalho por turnos/noturno (até ao limite de 55 anos de idade); Direito a dispensa de trabalho por turnos para trabalhadoras grávidas ou a amamentar e trabalhadoras/es com filhos até três anos e aplicação de critérios muito restritos e rigorosos para as autorizações de laboração contínua.