Balanço positivo à Milha.
A Festa da Música e dos Músicos de Ílhavo reforça produção artística local e a organização diz que o evento deixa sementes importantes para o futuro.
Quatro salas cheias e duas formações praticamente esgotadas, a expectativa do nascimento de uma companhia de dança e um crescente reforço à produção artística local são sinais que ficam do fim de semana de espetáculos.
Na edição deste ano, a festa organizada pelo 23 Milhas, projeto cultural do Município de Ílhavo, concentrou menos espetáculos nestes três dias, distribuindo cinco concertos de artistas ilhavenses pela restante programação regular.
Desde sexta, estrearam duas criações exclusivas e foi reposto o espetáculo deste ano da Bida Airada (projeto comunitário do festival Rádio Faneca), a que foi acrescentado um documentário sobre o processo de criação deste ano, também em estreia na Milha.
Apesar do contexto pandémico e das medidas de restrição à circulação entre concelhos dos últimos dias, os espetáculos e formações estiveram, praticamente, esgotados.
“A ria gela a partir das margens”, do coreógrafo Luiz Antunes, que estreou na sexta-feira à noite e repetiu na tarde de sábado, juntou bailarinos de três escolas de dança ilhavenses a músicos de duas filarmónicas do Município em palco, num espetáculo que contou com outros artistas ilhavenses, como Joel Reigota, nos figurinos, e Henrique Portovedo e Paulo Gravato, na criação musical.
Luiz Antunes trabalhou durante cerca de quatro meses com dez bailarinos ilhavenses, com idades compreendidas 11 e os 18 anos, na simulação de uma companhia de dança profissional que, tendo em conta os "bons resultados" do processo de criação, do espetáculo final e da vontade dos envolvidos, pode mesmo vir a tornar-se real em Ílhavo.
Também em estreia, foi apresentado na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré, no sábado à noite, o espetáculo “Música para os Ilhavenses do futuro”, coordenado pelos Sampladélicos, dupla formada por Tiago Pereira (A música portuguesa a gostar dela própria) e Sílvio Rosado, trabalharam a partir do arquivo “Patrimónios Sonoros Marítimos” criando novos registos com sete músicos ilhavenses, numa carta-espetáculo musical e multimédia endereçado aos músicos ilhavenses do futuro.
À margem desta criação, o projeto nacional “A música portuguesa a gostar dela própria” fez o registo das músicas criadas no âmbito do espetáculo cantadas e tocadas pelos músicos ilhavenses participantes, que entram assim num arquivo de milhares de memórias de todo o país.
Ao todo, nestes três projetos comunitários, estiveram envolvidos mais de uma centena de ilhavenses.
“Apesar de um ano em tudo atípico, a Milha continuou a reforçar a sua posição como plataforma de facilitação de ferramentas, quer de formação, quer de criação.”
A Milha continua através de concertos especiais. Na próxima sexta-feira, 6 de novembro, os Perpétua, banda da Gafanha da Nazaré, estreiam-se na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré, num dia em que também atuará André Henriques.