A tese de doutoramento da diretora do Museu da Nazaré distinguida em Ílhavo.
“Arte, museus e memórias marítimas. Identidade e representação visual da Nazaré”, da autoria de Dóris Joana Simões dos Santos, foi o trabalho vencedor da quinta edição do “Prémio de Estudos em Cultura do Mar Octávio Lixa Filgueiras”, instituído pela Câmara Municipal de Ílhavo, através do Museu Marítimo de Ílhavo.
O anúncio do vencedor do galardão aconteceu este sábado, dia 20, no âmbito das comemorações do Dia Nacional do Mar.
De acordo com o júri, a obra distinguida, que resulta de uma tese de doutoramento realizada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, “constitui um contributo muito relevante e inovador para os estudos de cultura marítima e conjuga diversas dimensões que correspondem aos objetivos do Prémio Octávio Lixa Filgueiras”.
O júri destaca, ainda, a solidez e qualidade do trabalho, os contributos que oferece para a museologia marítima e o estudo de caso, muito relevante, centrado na construção mítica da maritimidade da Nazaré, cujos discursos resultaram de múltiplos afluentes, das artes plásticas à literatura e ao cinema, passando pela cultura material da comunidade piscatória local e pelo papel reprodutor das elites.
A partir do Museu Etnográfico da Nazaré a autora estudou as representações artísticas do mar.
Esforço de anos que a autora diz poder continuar a ser desenvolvido pelas infindáveis possibilidades que se abrem (com áudio).
Dóris Santos, diretora do Museu Etnográfico e Arqueológico Dr. Joaquim Manso, na Nazaré, é licenciada em História, variante de História de Arte, pela Faculdade de Letras, da Universidade de Coimbra e doutorada pela UL.
Lembra que Ílhavo também foi um dos locais de estudo pelas representações artísticas a que recorre para retratar a epopeia marítima.
“Este prémio foi uma honra para mim. É o reconhecimento pela investigação e pelo crescente interesse sobre a cultura marítima. Versou sobre a representação, imagética, das artes plásticas do mar, e tem vertente final com a apresentação do património ao nível dos museus. Ílhavo foi um dos exemplos estudados”.
Nesta quinta edição, o “Prémio Octávio Lixa Filgueiras” alcançou um número recorde, quer de inscrições, quer de submissões de obras, de temas amplos e diversos, o que demonstra o seu reconhecimento e valorização na academia e na sociedade civil.
No total, foram realizadas 26 inscrições, das quais 16 efetivaram a candidatura.
Nuno Costa, responsável pelo MMI, fala de uma edição concorrida e anunciou para breve exibições de cinema com marca solidária.
“No Dia Nacional do Mar atribuimos um de dois prémios. Este foi o ano mais concorrido, o que engrandece o prémio. O filme Terra Nova vai ser exibido nos dias 20, 26 e 27 de Novembro, com bilhetes a 3 euros, e a receita reverte para o centro social e paroquial de Nossa Senhora da Nazaré”.
O prémio tem um valor monetário de 2.500 euros e destina-se a galardoar autores de dissertações académicas ou de trabalhos de investigação inéditos, realizados no âmbito da cultura marítima-fluvial, nomeadamente nas áreas da História Marítima, Arquitetura Naval, Antropologia Marítima, Arqueologia Subaquática, Patrimónios Marítimos e Museologia.
O Dia do Mar fica ainda marcado pelo lançamento do livro “Navios dos Descobrimentos. Memórias e Modelos", de António Marques da Silva, um dos mais reconhecidos modelistas portugueses, que apetrechou a sala dos mares do Museu Marítimo de Ílhavo com os modelos dos sete navios dos Descobrimentos.
“Sem navios não teríamos tido a gloriosa epopeia dos descobrimentos. Mas há muitas embarcações esquecidas. Recontruí os 7 modelos mais referidos por cronistas de época. E escrevi sobre a construção e materiais aplicados”, salientou Marques da Silva.
Mariana Ramos, vereadora da Câmara de Ílhavo, realçou a ligação dos ilhavenses ao mar e o esforço do MMI e dos Amigos do Museu na valorização dessa memória (com áudio).
“Agradeço a presença de todos na celebração do Dia Nacional do Mar. Recordo-me dos primeiros anos de universidade quando um professor que falava do território diziz que éramos um povo virado para o mar, na partida e no regresso. Agradeço todo o trabalho feito pelo Museu e pelos amigos do Museu. Esta é a nossa identidade”.