“Devo dançar também no escuro?”, do projeto “Némesis”, apresenta-se esta noite na Fábrica das Ideias na Gafanha da Nazaré.
Este espetáculo fala sobre saúde mental e as formas como esta é desafiada no quotidiano.
Produção que resulta do cruzamento entre música e teatro e que visa sensibilizar para os transtornos de ansiedade e depressão.
Toda a criação foi acompanhada por consultadoria científica.
Jonathan Silva e Inês Filipe são os diretores artísticos e a interpretação está a cargo de Jonathan Silva e Catarina Fonseca.
Assente num modelo de pesquisa e construção colaborativa em residência, o processo de construção contou com 5 momentos de experimentação e improvisação, e resulta num espetáculo de cruzamento entre música e teatro que visa sensibilizar para os transtornos de ansiedade e depressão (com áudio).
Toda a criação foi acompanhada por consultadoria científica, que apoiou ainda as sessões de sensibilização de público geral, escolar e público especializado em saúde mental.
Catarina Fonseca esxplica que se trata de um trabalho "cuidado" (com áudio)
A primeira residência teve lugar em dezembro de 2024, na Casa D’artes do Bonfim, focada na estruturação do espetáculo e criação da base de trabalho.
A segunda, em fevereiro de 2025, na sede da Interferência, privilegiou a improvisação e experimentação entre o percussionista e os compositores, definindo sonoridades e contextos de improvisação, cruzando também com o design de som e sonoplastia.
A terceira, em março, na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré, juntou a componente sonora e dramática, servindo de plataforma para as primeiras experimentações em conjunto.
Em junho, na Casa Varela, Pombal, a quarta residência deu continuidade ao trabalho juntando nos últimos dias os designers de som, luz, figurinos e cenografia.
Espaço para os primeiros confrontos com público, nas ações de rua, sessão escolar e sessão aberta a público especializado.
Na quinta e última residência, em Castelo Branco, o espetáculo foi finalizado e o primeiro ensaio aberto aconteceu a 12 de setembro.
O espetáculo daqui resultante é um retrato do conflito do indivíduo com o contexto em que se insere, e com o seu eu interior.
Trabalho gira em torno de Daniela que aos 30 anos vê-se obrigada a voltar para a sua terra natal e a procurar um emprego diferente, em busca de estabilidade.
Com um consultório aberto e uma casa só para si, quando o senhorio lhe pediu um aumento substancial da renda, a jovem psicóloga, incapaz de voltar a viver num quarto de estudante, decidiu ir temporariamente para casa da irmã.
No entanto, aquilo que pretendia ser uma estadia breve e sem o conhecimento dos pais, tornou-se numa convivência de meses com expectativas, tensões e frustrações.
Em cena, o público acompanha os estados mentais de Daniela enquanto ela tenta lidar com esta reviravolta na sua vida.
Pela interpretação da atriz, é possível compreender os contextos em que se encontra e as posturas que adota nas interações com os outros, ou quando se encontra sozinha.
Por outro lado, a percussão ao vivo representa a atividade da sua mente, transmitindo as suas emoções e os seus pensamentos, que podem destoar das atitudes que ela adota.
Pressões sociais, expectativas pessoais, redes sociais, cultura de produtividade, instabilidade financeira, crise de habitação são algumas das coordenadas da viagem pela cabeça da Daniela, na qual se passa de estados extremamente agitados à agonia da apatia total.
Projeto conta com o apoio de Casa das Artes, Bonfim (Associação Apuro), 23 milhas (CM Ilhavo), Casa Varela (CM Pombal), Fábrica da Criatividade (CM Castelo Branco) e Grupo Dramático de Vilar do Paraíso.
Hoje apresenta-se na Fábrica das Ideias às 21h30.