A Universidade de Aveiro coordena um estudo para repovoar a Ria com erva marinha ameaçada e integrante do moliço.
Apesar de ser historicamente uma das espécies colhidas com o moliço, às carradas transportadas em barcos da Ria e usada para adubar os solos, a Zostera marina é hoje uma erva marinha ameaçada.
Por isso, investigadores da Universidade de Aveiro propõem o repovoamento.
Acreditam que, entre outras vantagens, a erva marinha poderá prevenir dragagens e respetivas consequências negativas nos ambientes da Ria.
A reunião com os vários membros do consórcio que envolve centros de investigação portugueses, espanhóis e alemães, empresas e organizações não governamentais (ONG), marca o início do projeto LIFE SeagrassRIAwild.
A reunião decorre hoje, 18 de outubro, e amanhã, na Sala de Atos Académicos no edifício da Reitoria.
Pedro Coelho, investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), explica que as pequenas manchas de Zostera marina descobertas recentemente num dos braços da Ria não permitem o repovoamento do sistema.
O objetivo do projeto passa então por usar antigas marinhas que são propriedade da UA, junto ao PCICreative Science Park, para espaço de cultivo com base em importação de outros sistemas e, a partir daí, repovoar os canais da Ria.
O coordenador indica que, para além da vertente de conservação que permitirá recuperar os serviços prestados ao ecossistema por esta espécie, nomeadamente providenciar abrigo para a fauna marinha, aumentar a biodiversidade, fixar os sedimentos e armazenar carbono azul, será testado o potencial efeito da presença desta espécie na redução do assoreamento dos canais de navegação e consequentes trabalhos de dragagem, com evidentes impactos nos fundos e nos ambientes da Ria.
O projeto, que corresponderá a um investimento de 3,5 milhões de euros e tem a duração de sete anos, inclui uma importante vertente de ciência cidadã, envolvendo agentes locais e regionais com interesses neste sector e na Ria.