Universidade de Aveiro celebra 52º aniversário com "gritos de liberdade" pela criação de novos futuros.

As universidades estão convocadas para desafiar o poder de quem sobre elas quer colocar amarras e mostrar-se como farol de inovação e espírito livre.

Mudanças no quadro legislativo ou tensões decorrentes de lideranças políticas que afrontam esse espaço de liberdade são ameaças que os universitários entendem como desafios à manutenção de espírito reformista.

Este o tom das intervenções na celebração dos 52 anos da Universidade de Aveiro.

O Reitor Paulo Jorge Ferreira, líder da UA, diz que tal como há 52 anos mantém-se a exigência de “ousadia e audácia”.

Fatores como a demografia, envelhecimento da população, renovação de competências ao longo da vida, a chegada de mais estrangeiros às universidades, a burocracia, a digitalização e a desconfiança em torno ciência são desafios a que se juntam, em Portugal, mudanças legislativas em massa.

O Reitor assegura que existe na UA um espírito inconformado que não se deixa abater por obstáculos.

Garante que a audácia da fundação continua viva (com áudio)

Uma universidade em permanente reinvenção como desafio deixado à comunidade académica.

Paulo Jorge Ferreira destaca a presença internacional que nos últimos anos mobilizou instituições de 144 países na relação com a UA.

Sobre o convidado da sessão destacou a passagem de António Sampaio da Nóvoa por Aveiro, no final dos anos 70, no início da carreira, em que ajudou a fundar o Grupo Experimental de Teatro da UA.

Chama, por isso, a atenção para a importância da cultura na vida académica.

Joana Regadas, presidente da Associação Académica, viria a acentuar essa componente cultural, a par de áreas como o desporto para defender o que define como "espaços de mudança" em universidade feita de e por pessoas (com áudio)

A mensagem sobre o inconformismo mereceu de Sampaio da Nóvoa a palavra final.

Foi um discurso voltado para a “liberdade académica”.

O convidado, antigo reitor da Universidade de Lisboa, agradeceu as portas que Aveiro lhe abriu no final dos anos 70 numa área ainda com pouca saída, na área da pedagogia.

Criticou o que classifica como amarras colocadas por burocratas, ameaças à autonomia e falta de condições para encontrar soluções disruptivas.

Sampaio da Nóvoa fala em “momento dramático” no mundo pelas ameaças às democracias e abandono dos direitos humanos.

Espera que as universidades não se deixem silenciar.

O antigo Reitor afirma que essa universidade com capacidade de sonhar novos futuros não pode morrer (com áudio)

A sessão fica marcada pelas evocações a António Oliveira, presidente da OLI, antigo presidente do Conselho Geral da Universidade de Aveiro que faleceu esta semana.