Adelaide Almeida, investigadora do CESAM e professora do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, que tem vindo a estudar métodos alternativos para inativar microrganismos patogénicos, é um dos autores do artigo “Photoantimicrobials—are we afraid of the light?”, publicado a 22 de novembro no The Lancet Infecious Diseases. Neste artigo de opinião (“personal view”), sete investigadores defendem a necessidade de estudar mais a fundo a terapia fotodinâmica como alternativa às terapias convencionais, perante a cada vez mais preocupante resistência de bactérias comuns aos antibióticos.
A terapia fotodinâmica já é usada em tratamentos oncológicos, assim como no tratamento de verrugas víricas, leishmaniose cutânea e acne e até na desinfeção de sangue. Há, no entanto, infeções localizadas que poderiam ser mais eficaz e rapidamente combatidas com a terapia fotodinâmica, que consiste na aplicação de substâncias fotossensíveis – por exemplo, porfirinas - que na presença de oxigénio e de luz produzem espécies reativas de oxigénio (ROS) que inativam microrganismos, defende Adelaide Almeida.
Esta terapia atua sobre qualquer microrganismo, fungo, bactéria ou vírus, inativando-os irreversivelmente. Estes microrganismos são mais sensíveis a este tipo de tratamento do que as células humanas, salienta a investigadora, acrescentando ainda que os estudos realizados até agora mostram que os microrganismos sujeitos a esta terapia não conseguem desenvolver resistência. Isso deve-se, explica, à atuação simultânea em diferentes estruturas dos microrganismos, o que não acontece com os métodos convencionais.
O artigo publicado no The Lancet Infectious Diseases alerta para a necessidade de aprofundar a investigação nesta área que tem, lamenta Adelaide Almeida, merecido pouca atenção das entidades financiadoras da ciência.
O grupo de autores prepara uma candidatura, no âmbito das ações COST, para criação de uma rede internacional de investigação nesta área.