Temperaturas superiores quatro a seis graus, em média, nas zonas mais densamente construídas, em relação a zonas rurais da mesma região, estão previstas pelo estudo, em curso, sobre clima de Lisboa do Instituto de Ambiente e Desenvolvimento/Universidade de Aveiro.
Zonas da cidade, como o aeroporto, a Baixa e uma faixa contígua com essa que se prolonga pela margem do Tejo em direção a poente são as que registam uma diferença de temperatura mais significativa em relação a zonas rurais se não houvesse cidade naquela área. Os cálculos foram feitos por investigadores do Departamento de Física (DFis – grupo de Meteorologia e Clima) da UA/IDAD e constam de um estudo para a Câmara Municipal de Lisboa, que envolve ainda a Agência de Energia e Ambiente de Lisboa (Lisboa E-Nova), o Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT) e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O estudo, ainda em curso, procura antever o efeito cumulativo das ondas de calor, cada vez mais frequentes e prolongadas em contexto de alterações climáticas, e da chamada “ilha de calor” que é tanto mais expressiva quanto mais densamente construídos e menos verdes são os aglomerados urbanos. O efeito “ilha de calor” é caraterizado por temperaturas, em média, superiores às que se verificariam em zonas rurais e com coberto vegetal natural.
Com o título “Cartografia da vulnerabilidade térmica: mapeamento dos efeitos das ondas de calor em Lisboa, face às projeções climáticas”, o trabalho realizado até agora, para além do cálculo do efeito cumulativo médio das ondas de calor e “ilha de calor” para várias zonas da cidade, mostra que, dentro de poucas décadas, poderá haver verões em contínua e prolongada onde de calor, explica o coordenador do grupo de trabalho e professor do DFis, Alfredo Rocha. Por outro lado, este aumento da temperatura vai-se alargando à medida que a densidade da cidade também se alarga em direção aos seus limites, tal como apontam as previsões de crescimento da cidade nos próximos anos.
A parte do estudo que cabe à UA inclui a caraterização das ondas de calor em Lisboa (situação atual e futura), caraterização da “ilha de calor” (situação atual e futura) e medidas de resiliência. Entre as medidas de resiliência adotadas noutros países estão, por exemplo, o aumento de áreas destinadas a parques e jardins, aplicação de coberto vegetal nos telhados, mais revestimentos com cor branca ou um pavimento mais claro para circulação automóvel. Para além do coordenador do estudo, o trabalho envolve ainda o investigador Rui Silva.
Em 2016, o grupo coordenado por Alfredo Rocha terminara um outro estudo, designado ClicUrb, sobre clima urbano do Porto, no âmbito do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e, em 2013, foi defendida uma dissertação de mestrado sobre Bragança que resultou num artigo publicado em 2018.