A UA desenvolveu um novo dispositivo de rastreamento de Covid-19 pelo nível de oxigénio e de temperatura.
Um dos sintomas mais surpreendentes e desafiadores para a ciência da infeção pelo novo coronavírus vai ser usado num dispositivo em desenvolvimento na Universidade de Aveiro (UA), no âmbito de um projeto em copromoção com empresas: RI-TE - Radiation Imaging Technologies e Exatronic.
Este projeto, TO2, que envolve ainda outros parceiros, como o Centro Hospital do Baixo Vouga, mereceu parecer positivo do INFARMED e financiamento da Agência Nacional de Inovação (ANI).
O projeto “TO2 – Postos de medição sem contacto de saturação de oxigénio e temperatura” visa desenvolver e integrar sensores em postos portáteis para medição sem contacto de dois parâmetros fisiológicos indicadores da Covid-19, em locais de acesso onde é maior a probabilidade de aglomeração de pessoas.
Particularmente, locais onde é mais difícil assegurar o cumprimento rigoroso das recomendações sanitárias ou de distanciamento social, como transportes públicos, aeroportos, escolas, empresas, centros comerciais, conferências, eventos, espetáculos, e mesmo hospitais (triagens), entre outros.
Desta forma, será possível identificar precocemente potenciais infetados com Covid-19 e atuar mais cedo, diminuindo o risco de transmissão comunitária do novo coronavírus e melhorando a eficácia dos tratamentos.
Além disso, a medição sem contacto, aliada ao cumprimento das normas sanitárias das entidades competentes, previne possíveis contágios indiretos através do próprio dispositivo.
Os dois parâmetros a serem medidos pelo novo dispositivo são o nível de saturação de oxigénio (SpO2) diminuído e a temperatura corporal elevada.
Os pacientes infetados com o novo vírus registam níveis extraordinariamente baixos de oxigénio no sangue (SpO2), mesmo sem revelarem dificuldade respiratória, condição que tem vindo a ser chamada de “hipóxia silenciosa” ou “feliz” (ver “The mystery of the pandemic's ‘happy hypoxia”, J. Couzin-Frankel et al., Science, 01 maio de 2020).
De entre os muitos factos surpreendentes do novo coronavírus, este parece desafiar os princípios da biologia básica e da medicina.
Na maioria das doenças pulmonares, como a pneumonia, a baixa SpO2 acompanha outras alterações estruturais dos pulmões, ou níveis crescentes de CO2 uma vez que os pulmões não conseguem expulsá-lo com eficiência.
São esses fatores que originam a falta de ar no paciente. Em contrapartida, uma SpO2 considerada normal é de 95-100%.
Avaliação de 5 na escala de 5
Da apreciação efetuada, e de acordo com o parecer emitido pelo INFARMED, o projeto TO2, copromovido pela empresa RI-TE - Radiation Imaging Technologies, a empresa Exatronic e a UA, reuniu aprovação tendo obtido uma pontuação final de 5,00 valores numa escala de 5,00. O financiamento da ANI corresponde a 476 mil euros.
O projeto, com duração de 10 meses, tem ainda como parceiros o Centro Hospitalar do Baixo Vouga, E.P.E. (CHBV), o Instituto de Instrumentación para Imagen Molecular/Universitat Politècnica de València e a empresa Insulcloud, SI, empresa de base tecnológica pioneira do desenvolvimento de dispositivos de última geração para o controlo e monotorização de doenças crónicas.
A equipa de investigadores da UA, coordenada por João Veloso, professor do Departamento de Física e investigador do Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação (I3N) e diretor do Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica.
A equipa agrega competências multidisciplinares, sendo constituída por investigadores dos departamentos de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI) - Armando Pinho, Susana Brás, João Rodrigues - Comunicação e Arte (DeCA) - Ana Isabel Veloso -, para além do Departamento de Física (DFis) - Ana Luísa Silva, Pedro Correia e o coordenador da equipa.
Texto e foto: UA