O Núcleo Regional de Aveiro da Quercus realizou ações de vigilância florestal no Caramulo e conclui que a lei não está a ser cumprida quanto à limpeza de terrenos.
Os colaboradores da Quercus seguiram para o terreno na quinta, na sexta e no sábado para evitar áreas de risco e comportamentos que pudessem desencadear ignições com as elevadas temperaturas previstas.
E no caminho diz ter encontrado uma série de obstáculos e situações de risco, nomeadamente a acumulação de ramada de eucalipto junto de caminhos, o incumprimento das distâncias entre as plantações e as vias de acesso e a inexistência de aceiros.
“Verifica-se que as medidas impostas pela lei não estão a ser cumpridas, particularmente o aumento da execução de faixas de gestão de combustível junto de caminhos e a diminuição das áreas ocupadas pelo eucalipto”.
A Quercus lamenta que a prevenção e a fiscalização “continuem a ser praticamente inexistentes, e que a negligência e inação dos proprietários e das entidades públicas agravem as condições que facilitam a propagação dos fogos”.
Os voluntários da Quercus realizaram percursos apeados e com recurso a veículos todo o terreno para detectar comportamentos de risco ou criminosos numa zona crítica.
Relembra que, em outubro de 2017, a comissão técnica independente que estudou os incêndios na região centro propôs a criação de um programa que promovesse uma floresta à base de carvalhos, castanheiros e outras folhosas, bem como um programa específico que compensasse a perda de rendimento por alguns anos com a opção de espécies de crescimento lento.
“No entanto, o cenário no Caramulo é desolador. Onde existia eucalipto continua a haver eucalipto. Onde existia algum pinheiro-bravo há agora eucalipto. Nenhuma das recomendações da comissão avançou. Não há incentivos para que os proprietários possam optar por outros tipos de floresta, menos rentáveis numa perspetiva de curto prazo, mas que a médio e longo prazo poderão ser ainda mais rentáveis do que as atuais alternativas”.