Paulo Jorge Ferreira defende que o Brexit não pode por em causa a investigação das universidades e seria um erro penalizar dois dos pólos mais fortes dessa investigação à escala internacional.
Em artigo publicado no JN, o Reitor da Universidade de Aveiro não esconde que a saída do Reino Unido da UE é um desafio para todos.
“O resultado terá impacto nas empresas, nos cidadãos, no Ensino Superior e na investigação científica. Durante o período de transição, que decorre até 31 de dezembro deste ano, está assegurado o reconhecimento de qualificações profissionais e o financiamento britânico já aprovado em programas como o Horizonte 2020, bem como a mobilidade de estudantes e funcionários ao abrigo do Erasmus+”.
Mais difícil é prever o que se vai passar depois de 2021.
“A grande incógnita é o que acontecerá depois do dia 31 de dezembro de 2020. A Declaração Política dá a entender que o Reino Unido pretende continuar a participar em programas da UE. No entanto, a intenção pode não bastar para se conseguir um acordo comercial”.
O Reitor adianta que há um conjunto de questões em aberto para negociar.
“A exigência de reciprocidade imposta pela UE salvaguarda, entre outros aspetos, a igualdade de direitos dos investigadores no acesso aos programas de financiamento, regras idênticas de mobilidade nas duas regiões, as exigências éticas, de privacidade e de consentimento e o reconhecimento das qualificações profissionais. O eventual acordo terá também de resolver a difícil questão da partilha de dados e da compra de bens ou serviços”.
Paulo Jorge Ferreira defende que a negociação, para ter sucesso, terá de ser feita de cedências.
“A UE poderá ter de ceder nas regras do mercado único e o Reino Unido poderá ter de equacionar uma alternativa às "tarifas e quotas zero".
Uma coisa é certa: as instituições de Ensino Superior e a investigação do Reino Unido estão entre as mais fortes do planeta, mas o seu isolamento não promoverá a qualidade. Vale a pena considerar”.