Gestão, formação de técnicos autárquicos, projetos no domínio agrícola e financiamento são pilares do processo participativo no âmbito do projeto ADAPT-MED que está em fase final. No dia em que foram apresentadas conclusões, na Universidade de Aveiro, foi reconhecido que não existem ainda medidas concretas para integrar as alterações climáticas nas políticas atuais, nem para evitar os impactes de outros problemas ambientais, como a intrusão salina superficial ou a subida do nível da água do mar.
O Baixo-Vouga lagunar foi o caso escolhido em Portugal para avaliar os impactos das alterações climáticas e as medidas necessárias. A falta de uma gestão adequada da ria de Aveiro, a entrada de água salgada em terrenos agrícolas, os conflitos entre entidades e a falta de apoio aos agricultores para lidarem com as inundações fluviais são alguns dos problemas enfrentados.
A investigadora Ana Lillebø, do Centro de Estudos do Ambiente e do mar, destacou a abertura mostrada pelo atores locais para participaram em processos de mudança (com áudio).
O ADAPT-MED pretendeu identificar os principais fatores que afetam a capacidade de internalizar a adaptação às alterações climáticas em zonas costeiras mediterrâneas, no processo de tomada de decisão. E recorreu ao contacto direto com os atores-chave estudando ainda a relação entre alterações climáticas e mecanismos de planeamento e gestão do território e de prevenção do risco.
O projeto ADAPT-MED foi promovido por entidades nacionais (Universidade de Aveiro e Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), de França (ACTeon e Instituto para a Investigação Geológica) e da Grécia (Universidade Nacional Capodistriana de Atenas). À escala regional contou com participações da Administração do Porto de Aveiro, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Direção Regional da Agricultura e Pescas do Centro, municípios, juntas de freguesia, associações de utilizadores, entidades não-governamentais, empresas privadas e cidadãos comuns.
Fátima Alves, docente da universidade de Aveiro, especialista em zonas costeiras, admite que ideias não faltam mas lembra que é necessário encontrar fontes de financiamento. “Temos que saber aproveitar o quadro de financiamento ao desenvolvimento rural. O Baixo-Vouga é essencialmente agricultura feita com pessoas e gestão da água. Inovação, conhecimento, competitividade, organização da produção, gestão do risco, ambiente e eficiência são elementos chaves”.