Faleceu António Marques da Silva uma das lendas da pesca longínqua.

Ílhavo e a Gafanha da Nazaré despedem-se de uma das figuras da pesca longínqua.

Faleceu, aos 93 anos, o capitão António Marques da Silva que passou por embarcações míticas como Creoula e Argus, ainda na pesca à linha, e pelo Santo André, já na fase do arrasto.

Foi também autor de livros e colecionador.

Para as novas gerações ficam obras como “Memória dos Bacalhoeiros - Uma contribuição para a sua História”.

Em 2008 doou a sua coleção à guarda do Museu Marítimo e em 2023 foi condecorado a Medalha de Mérito Cultural (Prateada) do Município de Ílhavo.

O seu funeral está marcado esta sexta, às 11h, na Mortuária da Gafanha da Nazaré.

Ana Maria Lopes, antiga diretora do Museu Marítimo de Ílhavo, figura estudiosa da epopeia da pesca, refere-se ao antigo capitão como "um dos grandes" da pesca.

“Partiu mais um dos últimos e dos Grandes...”, titula no artigo dedicado ao Capitão António Marques da Silva.

Nascido em Lisboa, a 23 de Junho de 1931, seguiu o Curso Geral da Escola Náutica, concluído aos 20 anos.

O primeiro cargo marítimo foi como praticante de piloto, desde Março de 1952 até Fevereiro de 1953, no arrastão lateral, “Santo. André”.

Em 1953 esteve no lugre-motor de aço, “Creoula”, como piloto e de 1954 a 1957, como imediato.

Entre 1958 e 1964 foi o capitão do lugre-patacho “Gazela Primeiro”.

Seguiu-se o “Argus”, entre 1965 e 1968, no lugar de imediato e a carreira na pesca à linha terminaria como capitão do lugre-motor “Creoula”, de 1969 até 1972.

Passou pela marinha mercante, esteve na supervisão das obras de recuperação e adaptação do lugre Creoula a navio-escola, que testou em alto mar antes da entrega à Marinha, e foi professor da disciplina de Marinharia, na Escola Náutica Infante D. Henrique.

Depois de 2002, já na reforma, dedicou-se aos livros e ao modelismo.

Destacam-se obras como “Memória dos Bacalhoeiros – Uma contribuição para a Sua História” (1999), “A Força do Vento”, “O Pequeno Herói”, “Quem Vai Pró Mar”, “Barcos da Ria de Aveiro – Memórias e Modelos”, “Traços de Construção Naval em Madeira – Mastreação e Aparelho do Navio” e “Navios dos Descobrimentos – Memórias e Modelos”.

A última publicação, em vida, chegaria, em Agosto de 2024 com o livro “ Embarcações da nossa Costa – Memórias e Modelos”.

Colaborou com a produção do documentário, premiado, “Mar Maior”, da autoria de Rui Bela num retrato sobre a pesca longínqua.

Confrade de Honra da Confraria Gastronómica do Bacalhau, recebeu inúmeras homenagens em diferentes fóruns, da Marinha à política, passando pelo ensino e pela vida social.


Foto: LM Correia