Quando o ambiente térmico de uma sala de aula não se situa na zona de conforto térmico os resultados dos exames dos estudantes diminuem 3,9 por cento por cada grau Celsius a mais.
A conclusão é de um estudo de Mário Talaia, físico da Universidade de Aveiro (UA).
Um ambiente térmico é considerado frio, quando o organismo de uma pessoa tem necessidade de desencadear mecanismos de luta contra o frio e pode gerar a hipotermia.
Um ambiente térmico é considerado quente, quando o organismo de uma pessoa tem necessidade de desencadear mecanismos de luta contra o calor e pode gerar a hipertermia.
“Ambos os ambientes estão ligados às alterações no comportamento e humor, aumento da distração, aumento da fadiga física, desmotivação, perda de velocidade na realização de tarefas, diminuição do grau de concentração, diminuição da capacidade mental, diminuição da destreza, aumento do tempo de reação e aumento do absentismo”, explica Mário Talaia, investigador do Departamento de Física da UA e autor do estudo.
O investigador desenvolveu um modelo que permite avaliar a sensação térmica prevista para um local indoor, seja sala de aula ou outro espaço.
Adicionalmente, Mário Talaia construiu um modelo que permite “conhecer a sensação térmica real de um estudante ou trabalhador tendo como influência o vestuário e as condições termohigrométricas [temperatura e humidade] do local”.
Os resultados obtidos pelos estudantes mostram que são influenciados pela sensação térmica sentida. No geral, explica, “quando a sensação térmica se situa na gama de conforto térmico, os resultados são positivos”. Pelo contrário, “quando a sensação térmica sentida pelos estudantes suscita um ambiente frio ou quente, os resultados dos estudantes nas provas de avaliação, no geral, são negativos, ou seja, inferiores a 50 por cento”.
Resumindo, Mário Talaia conclui que numa prova de avaliação “a temperatura muito alta ou muito baixa favorece a diminuição do resultado obtido na avaliação, num valor de cerca de 3,9 por cada grau de aumento da temperatura fora da gama de conforto térmico”.
As conclusões deste estudo, garante o investigador, “podem ser generalizadas para qualquer nível escolar, assim como para gabinetes, naves industriais ou escritórios”.
Em mãos Mário Talaia está já no terreno a quantificar quanto é que o desconforto térmico prejudica a produtividade.
Texto e foto: UA