Fernando Correia, diretor do Laboratório de Ilustração Científica (LIC) do Departamento de Biologia (DBio) da Universidade de Aveiro (UA), foi ilustrador do manual escolar para o ensino secundário do 10º ano, em dois volumes, o BioFoco (Biologia) e GeoFoco (Geologia), lançado pela Areal Editores.
Fernando Correia, biólogo e um dos mais reconhecidos ilustradores científicos portugueses, foi pioneiro (em 2015) na introdução da ilustração científica enquanto recurso didático em manuais escolares. Esta experiência levou ao reconhecimento editorial do valor da ilustração científica, quer dos seus autores, quer da UA que, em Portugal, deu o primeiro passo no ensino formal desta área. O ano de 2015 marcou assim o ponto de viragem no paradigma do uso da imagem em manuais escolares, para uma imagem funcional, construída, estratégica e cientificamente correta.
A oportunidade de ilustrar mais um manual escolar foi a resposta diferenciadora encontrada para uma necessária renovação dos manuais em uso no 10º ano, inicialmente projetados para um ciclo de vida de seis anos (após a 1º adoção pelos professores/escolas), mas que ultrapassavam mais de uma década de uso e denotavam já desatualização.
O projeto proposto pela Areal Editores — ilustrar todo o novo manual criado pelas equipas Osório Matias e Pedro Martins (Biologia) e A. Guerner Dias, Paula Guimarães e Paulo Rocha (Geologia) — representou um desafio que ocupou Fernando Correia e a sua equipa por mais de nove meses. No total foram produzidas quase 400 novas ilustrações científicas compostas, que incluíram mais de 2000 ilustrações individuais, distribuídas pelas 240 páginas de cada um dos dois volumes.
“Este colossal trabalho só foi possível porque, para além de mim, todos os colaboradores que integram a equipa sob minha direta supervisão — dos quais destaco, pela capacidade de produção e qualidade, a Cláudia Barrocas, o Saul Martin e a Rosa Alves — possuem um apurado sentido de responsabilidade, e técnica e ainda a capacidade de aprenderem mais antes de iniciarem o ato de desenhar e representar graficamente”, comenta Fernando Correia. “Provavelmente o grande publico desconhece que uma ilustração científica é mais do que o simples exercício da competência para desenhar/pintar, pois inclui o saber compilar informação científica atual, promover a seleção, o estudo e interpretação detalhados e, só depois, equacionar uma hipótese gráfica para sua representação”, explica. “Ao folhear estes novos volumes, profusamente ilustrados, percebe-se que cada ilustração pretende ir muito mais além da simples demonstração, caraterística da habitual fotografia. Esta ilustrações são a janela para o aluno explorar e melhor compreender o fenómeno, o conceito ou a ação, sem ruído visual e competidores ou distratores visuais”, considera o diretor do LIC.
Comunicar ciência através da ilustração científica destinada a públicos-alvo bastante jovens é fulcral para o processo de aprendizagem e formação de novos recursos humanos, mais sabedores e conscientes.
A formação administrada no Curso de Formação em Ilustração Científica (CFIC), o qual vai já na sua 10 º edição, além de pioneira, tem contribuído para divulgar ainda mais este domínio da Comunicação Científica, no país e além-fronteiras, com os recursos, humanos e outros, que se vão construindo.
Muitos destes alunos trabalham na área, são cada vez mais reconhecidos e ganham notoriedade nacional e internacional. Outros prosseguem o seu percurso académico, frequentando o Mestrado em Biologia Aplicada, com possibilidade de especialização em Ilustração Científica.