Jorge Saraiva, professor do Departamento de Química da Universidade de Aveiro (UA) e investigador do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV), polo em Aveiro da Rede de Química e Tecnologia (REQUIMTE) e anteriormente da Unidade de Investigação Química Orgânica, Produtos Naturais e Agroalimentares (QOPNA), foi eleito secretário da Divisão de Processamento Não-Térmico (Non-thermal Processing Division, NPD) do Institute of Food Technologists (IFT) dos EUA.
O IFT é a maior associação internacional no âmbito da Ciência e Tecnologia Alimentar, tendo um papel preponderante na investigação, ensino e aplicações industriais nesta área.
Com 78 anos de história, o IFT tem como objetivo a dinamização e partilha de conhecimento, agregando representantes de mais de 100 países, unidos pelo objetivo comum de contribuir para o desenvolvimento da Ciência e Tecnologia Alimentar a nível académico e industrial.
Desde 1998 no Departamento de Química da UA, Jorge Saraiva começou em 2002 a pesquisar na área da tecnologia de alta-pressão para pasteurização a frio de alimentos, bem como para aplicações de biotecnologia, como o desenvolvimento de novos processos de fermentação de alimentos baseados em pressão isostática.
Como resultado da atividade deste investigador, do seu grupo e de uma forte aposta nesta tecnologia, a UA posiciona-se atualmente como uma das instituições mais bem equipadas a nível mundial nesta área, considera Jorge Saraiva, tendo sido já concluídos 15 doutoramentos com trabalhos ligados à tecnologia de alta-pressão.
Honrado com a eleição, o académico afirma que esta é um forte sinal de confiança e reconhecimento pelo trabalho que tem desenvolvido na área da alta-pressão, com o seu grupo, em vertentes de investigação fundamental e industrial.
“O facto de trabalharmos com uma equipa multidisciplinar permite-nos explorar e desenvolver diversas aplicações desta tecnologia, cuja aplicação tem crescido de forma muito considerável na indústria alimentar, e que acredito que venha não só a substituir, de forma gradual, os processos de pasteurização térmicos convencionais, como também abrir portas a novas aplicações biotecnológicas, como o desenvolvimento de novos materiais, extração a frio de compostos bioativos, melhoria de processos fermentativos e até a forma como conservamos alimentos”, explica o investigador. Este último tópico refere-se a uma nova metodologia, o armazenamento hiperbárico, que consiste no armazenamento de alimentos a pressões entre 500-1500 bar, quase sem gastos energéticos, e que poderá vir a substituir os atuais processos de refrigeração, adianta.
Texto e foto: UA