DGS: Quase 87% dos óbitos tinham mais de 70 anos.

No dia em que Portugal regista o menor número diário de mortes por covid-19 desde março, num total de 1190, a diretora-geral da Saúde precisou que só em poucos casos as vítimas não tinham doença associada.

Do total de 1190 óbitos por covid-19, 86,6% referem-se a pessoas com mais de 70 anos. A vítima mortal mais nova tinha entre 20 e 29 anos, sendo que só se registou uma morte nesta faixa etária. "A grande maioria" das vítima tinha "doenças prévias associadas ao óbito" e só em "situações muito pontuais", os médicos não registaram nenhuma comorbidade, detalhou Graça Freitas, na conferência de imprensa desta sexta-feira.

Quanto aos pacientes hospitalizados, o secretário de Estado informou que, desde o dia 4 de maio, foi registada uma diminuição de mais de 17% no número de doentes em internamento hospitalar e de 16% nos internamentos em unidades de cuidados intensivos. Face à mesma data, os casos recuperados aumentaram mais de 90%. "Isto não significa que vamos relaxar as medidas de distanciamento e de higiene", ressalvou.

Portugal continua a registar apenas um caso da síndrome inflamatória que está a ser descrita "como sendo parecida com a síndrome de Kawasaki" e que parece estar associada à covid-19. Trata-se de uma criança que "evoluiu bem" e "já teve alta", tendo a situação sido reportada internacionalmente, constando de um boletim de casos publicado pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças.

Questionada sobre o uso da hidroxicloroquina (usada no tratamento da malária) no combate à covid-19, depois de estudos científicos terem posto em causa a utilidade do medicamento, a diretora-geral da Saúde disse que "não foram reportadas situações adversas em Portugal no âmbito da fármaco-vigilância" e que os médicos devem recorrer ao medicamento de acordo com os seus riscos e benefícios.

O RT (índice de contágio) total no país é de 0,97, com "pequenas variações nas regiões". Significa isto que cada doente infetado contagia, em média, menos de uma pessoa. Na região Centro, a variação é de 1.03, mas "as diferenças são muito pouco significativas".

De acordo com António Lacerda Sales, já foram feitos 600 mil testes de diagnósticos à covid-19 desde o início da pandemia em Portugal. "O desconfinamento não significou uma desaceleração na contagem", acrescentou, detalhando que 13 de maio foi o dia em que foram realizados mais testes (17.500), numa rede composta por de 78 laboratórios.

Confrontado com o estudo da Fundação Champalimaud, que indica poder haver 10 vezes mais profissionais de saúde infetados do que o número divulgado, Lacerda Sales não quis comentar, por desconhecer os métodos do estudo. Mas sublinhou que todos os contactos profissionais com cada doente de covid-19 foram avaliados e monitorizados de forma exaustiva: "Todos os profissionais de saúde estiveram protegidos e seguros do ponto de vista da testagem", garante António Lacerda Sales.

Questionado sobre se não é imprudente avançar para a segunda fase de descontentamento sem que haja uma avaliação científica da primeira, o secretário de Estado da Saúde deixou claro que esta não é uma altura para fazer balanços. E acrescentou que "estamos numa monitorização permanente do surto" e a "acompanhar de forma permanente o impacto das medidas" de forma a criar "margem de segurança".