Aprender a valorizar os sinais de maus-tratos em crianças é uma das apostas na formação que é dada aos profissionais de saúde. O tema esteve em debate no encontro realizado, esta segunda, no Centro Hospitalar do Baixo Vouga. O Seminário “Maus – tratos em pediatria: Sinais de Alarme, Encaminhamento e Intervenção” procurou valorizar esses indicadores que, por vezes, podem passar despercebidos.
A representante do Gabinete Médico-Legal do Baixo Vouga, Cláudia Mrques, chamou a atenção para indicadores que apontam para uma prevalência de casos de violência sobre jovens e crianças. “Este estudo foi feito no nosso gabinete médico-legal, ou seja isto representa a nossa população da comarca. Entre 2009 e 2014 a maioria dos casos tinham menores de 18 anos e 54% tinham menos de 14 anos. Isto diz algo do que é a criminalidade sexual na nossa comarca em que a maioria das vítimas tinha menos de 14 anos”.
Os sinais de alarme, o encaminhamento e a intervenção perante casos de maus tratos foram assuntos em análise com presença de diversos especialistas. Dar formação é ação prioritária para os profissionais de saúde. "Temos de minimizar este problema que são os maus tratos em pediatria e que têm reflexo no crescimento dos jovens, quer ao nível do sofrimento físico, quer do sofrimento psíquico e mesmo em comportamentos de risco", justificou a enfermeira-chefe da urgência pediátrica, Emília Neves, realçando a importância da formação dos profissionais.
Da Polícia Judiciária, pela voz do inspetor-chefe, António Medina, chegou a informação sobre casos de agressões, nomeadamente em casos de violência sexual mas também com necessidade de despistar casos fictícios. “Posso adiantar que no ano passado investigámos nesta área 220 processos. Desses, 150 são processos contra a liberdade e auto-determinação sexual e desses 20% são situações fictícias ou fabricadas”.