"Conto do vigário" preocupa PSP.

Aumentam os processos por burla no distrito de Aveiro.

A PSP revela que registou na área do Comando Distrital de Aveiro, no primeiro semestre do corrente ano, 189 crimes de burla, num aumento de cerca de 7%, face ao ano anterior.

De salientar que os crimes de burla mais verificados na área de responsabilidade deste Comando Distrital (Aveiro, Espinho, São João da Madeira, Ovar e Santa Maria da Feira) são praticados através da utilização de meios informáticos (e-mails) e telemóveis (mensagens e redes sociais), sendo investigados pela Polícia Judiciária.

A campanha nacional “Burlas – Prevenir, duvidar, denunciar” permite concluir que mais de 17% de toda a criminalidade denunciada na área de responsabilidade da PSP refere-se a burlas.

Este é considerado “fenómeno criminal em crescendo” e que continua a preocupar a Polícia de Segurança Pública (PSP).

Estima-se que em 2023 as burlas tenham representado um prejuízo de valor patrimonial superior a 110 milhões de euros, triplicando o valor do prejuízo verificado em 2022 (34.9 milhões).

A PSP diz que a forma mais eficaz para evitar este tipo de crime é apostar na prevenção, “suspeitando e duvidando” de negócios que tragam dividendos demasiado avultados e de forma rápida.

Incentiva também a denúncia para desencadear processo de investigação criminal.

Apesar de existir um maior acesso à informação e uma população mais informada, o célebre “conto do vigário” continua a ser uma forma eficaz de obtenção ilegítima de valor patrimonial alheio.

Os idosos continuam a ser as vítimas preferenciais dos burlões no que concerne à modalidade de atuação de forma presencial.

Nos últimos anos, e acompanhando a evolução tecnológica e as potencialidades do mundo digital, os suspeitos têm atingido também vítimas cujas idades são transversais a todas as faixas etárias.

O número total de burlas tem vindo a aumentar nos últimos anos, tendo sido registadas 46.836 em 2022 e 61.916 em 2023 ocorrências relacionadas com burlas.

Estes números representam uma subida de 24,3% (15.080) do total de burlas denunciadas às Polícias (Dados do Relatório Anual de Segurança Interna 2023).

As burlas são as grandes responsáveis pelo aumento da criminalidade geral denunciada em 2023, representando 17,44% de toda a criminalidade denunciada na área de responsabilidade da PSP.

Em 2023 verificou-se um aumento de 21% do número de ocorrências com burlas em comparação com 2022.

No que diz respeito às detenções efetuadas pela PSP verificou-se também um aumento de 26,6% relativamente ao ano de 2022, acompanhando a tendência de aumento do número de ocorrências.

Apesar do elevado número de denúncias de burlas, a taxa de detenções é diminuta, tendo em conta a dificuldade em detetar o suspeito em flagrante delito e proceder à sua detenção.

Além disso, trata-se de uma tipologia de crime bastante complexa de se investigar, dificultando a identificação de potenciais suspeitos e a sua consequente detenção, importando ainda referir que a PSP não detém a total competência de investigação de burlas, conforme determina a Lei de Organização da Investigação Criminal, o que limita o efeito de polícia de investigação criminal próxima e oportuna.

A PSP alerta para cuidados especiais com transferência de dinheiro para pessoas que anunciam na Internet, arquivo de e-mails, fotos e mensagens, confirmação de operações com o banco, aprofundamento de referências ou dados adicionais sobre os anunciantes e os produtos à venda, os imóveis a arrendar ou genericamente o objeto do contrato (exemplos de outras fotos, em perspetivas específicas, entre outros) e desconfiar de contas bancárias estrangeiras, pois normalmente são utilizadas em esquemas fraudulentos.