Patrícia Silva, investigadora em Ciências Políticas do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro, antevê uma votação renhida no dia 4 de Outubro e admite que à medida que se aproximam as eleições, a diferença entre candidatos nas sondagens possa aumentar. “Eventualmente – e os recentes casos da Grécia e do Reino Unido ilustram-no bem – o voto nas urnas fechadas pode revelar um resultado bem díspar do previsto. Com efeito, é possível prever que o eleitorado comece a pensar onde quer estar no dia 5 de Outubro e pondere o modo como o seu voto pode ter consequências políticas.(…)”
“A replicar-se o cenário das sondagens, que têm demonstrado com relativa clareza que a maioria absoluta é quase inatingível nestas eleições, acordaremos no dia 5 de outubro para uma potencial crise de governabilidade, face aos difíceis entendimentos entre forças partidárias para fazer passar o programa de Governo e os orçamentos de Estado”.
Patrícia Silva diz que há um dado importante sobre a abstenção que pode pesar nas análises ainda que a vida dos partidos não mude com essa variação. Dados que pesam mais na qualidade da Democracia. “O ciclo vicioso que daqui emerge é uma ameaça para a qualidade da democracia, na medida em que esta depende da participação dos cidadãos. Cidadãos distantes exigem menos informação por parte de governantes; mas menos informação acentua a tendência de afastamento e desafeição do eleitorado relativamente à política”.
A investigadora sugere o uso de transparência e uma linguagem menos técnica e que tenha em conta a desigualdade de recursos (educacionais e económicos) da sociedade portuguesa. “As condições de governabilidade, a escolha dos pacotes de políticas públicas, e a manutenção da qualidade da nossa democracia alimentam-se (também!) do boletim de voto e não de sondagens. É o voto que vai determinar onde estaremos no dia 5 de outubro de 2015”.