CESAM promove a literacia científica através de prémio Ciência com Arte.
Pela primeira vez, o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) - laboratório associado da Universidade de Aveiro (UA) - premiou ideias que juntam ‘Ciência’ e ‘Arte’.
O prémio, conquistado por uma equipa liderada por Johannes Goessling, foi utilizado para criar esculturas de microalgas em gelo, cujo objetivo é promover a consciência das implicações das alterações climáticas globais, bem como o deslumbrante mundo dos microrganismos marinhos.
O concurso 'Ciência com Arte – CICA' foi o primeiro concurso de interface entre a ciência e a arte, dinamizado pelo CESAM, e teve como objetivo financiar a criação e desenvolvimento de peças de arte, nas suas variadas formas, que expressassem, de uma forma artística, as áreas de intervenção daquele laboratório associado da UA. O mote do concurso foi 'a arte como um veículo de democratização da ciência' e como tal pretenderam-se valorizar propostas que aliassem o conhecimento científico à arte e à educação para a ciência.
Os investigadores do CESAM foram desafiados a proporem ideias que simultaneamente fossem capazes de transmitir ideias e conceitos científicos, recorrendo à arte. Para Amadeu Soares, coordenador do CESAM, este prémio “distingue um modo original de sensibilização do grande público para as alterações globais e a biodiversidade que está escondida dos nossos olhos, simultaneamente a mais importante, dada a função que desempenha, e a mais frágil”.
A proposta vencedora - 'ICARUS' - pretendeu chamar a atenção da população para a problemática das alterações climáticas e para a fragilidade dos ecossistemas nos quais o Homem se inclui.
A equipa vencedora desenvolveu esculturas em gelo à escala métrica, que mimetizam as conchas microscópicas de algas microscópicas – as diatomáceas - para as tornar visíveis a olho nu: “Utilizámos gelo como material de escultura, uma vez que é transparente tal como o vidro. O gelo tem ainda outra propriedade importante na nossa abordagem: derrete à temperatura ambiente, tornando as nossas instalações voláteis; as estruturas desaparecem com o tempo, com a intenção de provocar no espectador a ideia de que os recursos naturais devem ser protegidos ou desaparecem e não regressam”.
Johannes Goessling, investigador do CESAM e do Departamento de Biologia da UA, líder da equipa que contou ainda com os investigadores João Serôdio, Silja Frankenbach, Alexandra Bastos, e Vera Cardoso, todos do CESAM e do Departamento de Biologia da UA e com a artista Francisca Rocha Gonçalves, artista e investigadora da Universidade do Porto, frisa que “os protagonistas do nosso trabalho são as diatomáceas - algas microscópicas encontradas em todos os habitats aquáticos da Terra. De facto, existem tantas diatomáceas no nosso planeta, que influenciam significativamente os processos geológicos, fornecendo cerca de 40 por cento do oxigénio que respiramos enquanto sequestram o dióxido de carbono da atmosfera. As diatomáceas desempenham assim um papel importante na atenuação das alterações climáticas globais”.
Estas algas, invisíveis a olho nu possuem conchas de vidro porosas, o que é uma característica única das diatomáceas. Devido à periodicidade destas estruturas porosas, as conchas de vidro interagem com a luz seguindo princípios físicos conhecidos atualmente como fotónica. Embora os seres humanos utilizem estas estruturas óticas numa variedade de altas tecnologias, ainda não sabemos porque é que as diatomáceas desenvolveram estas propriedades sofisticadas.