O Deserto dos Carmelitas Descalços e Conjunto Edificado do Palace Hotel, no Bussaco (Luso, Mealhada), faz parte da Lista Indicativa de Portugal ao Património Mundial, anunciou, ontem, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE). Recorde-se que integrar esta lista é um pré-requisito indispensável para a candidatura de Bens a Património Mundial, segundo as regras da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
A lista ontem divulgada integra 22 bens candidatos à distinção mundial (13 dos quais a Património Cultural, como é o caso do Bussaco), sendo que foram mais de 30 os concorrentes portugueses apreciados pela Comissão Nacional da UNESCO (CNU), entidade responsável pelo acompanhamento no nosso país da Convenção para a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural.
Para o presidente da Câmara Municipal da Mealhada, Rui Marqueiro, “esta é uma excelente notícia para o Bussaco, a freguesia do Luso, o concelho da Mealhada, a região Centro e o nosso país, mas representa apenas o primeiro de muitos passos que é preciso dar”. “É um primeiro sinal de justiça para com um património fabuloso e único que o Bussaco ‘guarda’ no interior dos seus 105 hectares de floresta. Esperemos que a verdadeira justiça seja feita no final do processo, com o efetivo reconhecimento mundial da importância cultural do Deserto dos Carmelitas Descalços e Conjunto Edificado do Palace Hotel”, acrescentou o autarca da Mealhada.
O presidente da Fundação Mata do Buçaco, António Gravato, corrobora integralmente as palavras de Rui Marqueiro e afirma-se muito confiante num “final feliz”. “O Bussaco tem um património único no Mundo, de uma beleza e riqueza incomensuráveis. Não são só os portugueses que o reconhecem. Os israelitas, americanos, franceses, espanhóis, polacos, russos, brasileiros, ingleses e os demais povos que nos visitam - cerca de 250 mil por ano, com tendência sempre crescente - não se cansam de elogiar e recomendar o Bussaco. É isso que nos faz acreditar e confiar que a justiça um dia será feita”, afirma António Gravato.
Neste processo de seleção dos candidatos, a Comissão Nacional da UNESCO foi apoiada por peritos, com funções consultivas, entre os quais os membros do Grupo de Trabalho Interministerial para a Coordenação e Acompanhamento das Candidaturas de Bens Portugueses à Lista do Património Mundial (que integra, além da Presidente da CNU, que preside, representantes da Direção Geral do Património Cultural e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P.), os peritos que apoiam a participação de Portugal no Comité do Património Mundial, representantes dos ramos nacionais dos órgãos consultivos da UNESCO (ICOMOS Portugal e UICN/Liga para a Proteção da Natureza) e representantes das Regiões Autónomas.
As propostas foram apreciadas pelo painel tendo em conta o potencial valor universal excecional, autenticidade e/ou integridade dos bens, os critérios estabelecidos, a comparação com bens idênticos e o facto de estes colmatarem, ou não, lacunas na Lista do Património Mundial.
A nova lista indicativa, que inclui o Bussaco, será agora remetida ao Centro do Património Mundial da UNESCO para aprovação pelo Comité do Património Mundial e futura disponibilização no competente local eletrónico da Organização, substituindo a lista anterior e estabelecendo um novo quadro de referência para a apresentação de candidaturas portuguesas à Lista do Património Mundial.
Um total de 1.641 bens figuram atualmente nas listas indicativas de 175 Estados, que um dia poderão vir a ser inscritos na Lista do Património Mundial, após aferição do seu valor universal excecional pelos órgãos consultivos da Convenção e decisão do Comité do Património Mundial.
A Lista do Património Mundial inclui atualmente 1.031 bens naturais, culturais e mistos em 163 países, 31 dos quais são bens transnacionais.
Portugal já conta com 15 bens na Lista do Património Mundial, encontrando-se entre os 20 países com maior número de bens inscritos.