Países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) deveriam equacionar a criação de uma organização que promova a lusofonia à semelhança do que faz o Instituto Confúcio para a presença da China no mundo.
A medida surge no rescaldo do encontro de Aveiro para debater os problemas na integração de alunos em universidades portuguesas.
O grupo promotor defende que essa organização seria útil para para trabalhar o potencial da interculturalidade e o diálogo entre culturas dentro da CPLP.
Os estudantes universiários que reuniram em Fevereiro na Universidade de Aveiro para refletir sobre as dificuldades na frequência do ensino superior em Portugal admitem dificuldades em vários planos.
Atraso na obtenção de vistos e na chegada a Portugal, inexistência de informação no apoio à integração dos estudantes, dificuldade em estabelecer um contacto prévio com os novos estudantes admitidos nas IES por via do Regime Especial, obstáculos na autorização de residência pelo SEF, falsas promessas de empresas de recrutamento de estudantes para o ensino superior, dificuldade de utilização das novas tecnologias por parte de alguns alunos, impedindo-os de contactar previamente a instituição, difícil acesso aos serviços públicos (por exemplo, ao médico de família), o custo do alojamento nas cidades universitárias, preconceitos linguísticos na relação com pessoas das cidades de acolhimento, valor elevado das propinas e valor reduzido das bolsas são alguns dos pontos apontados no 1.º Encontro Nacional “Repensar a Vida Académica: Integração e cooperação dos estudantes universitários CPLP”.
Evento realizado em Aveiro no dia 25 de Fevereiro com a presença de 120 estudantes oriundos de várias cidades do país (Bragança, Porto, Lisboa, Coimbra, Paços de Brandão/Santa Maria da Feira e Aveiro).
Tratou-se de uma organização conjunta entre a Associação Maense, Universidade de Aveiro, Fundação Aga Khan, Associação Mon na Mon, Associação Académica da Universidade de Aveiro e BRASaveiro que teve como objetivo identificar as principais dificuldades de integração académica, social, cultural e profissional dos estudantes estrangeiros da CPLP que frequentam o ensino superior em Portugal e propor medidas para a sua resolução.
Na lista de conclusões, os promotores falam de um quadro que tem acentuado a pouca valorização do diálogo intercultural e da cultura dos países de origem e o choque de culturas no momento da chegada.
No final, ficou um caderno de encargos com apelos à criação de uma linha de apoio à chegada dos estudantes internacionais CPLP, reforço do programa de alojamento estudantil para estudantes CPLP, fiscalização ao mercado de alojamento estudantil, melhorar o acesso ao sistema nacional de saúde e a criação de um observatório sobre sucesso escolar dos estudantes da CPLP.
O encontro defende que o CLAIM deve ser encarado como estrutura de refeência e exemplo no trabalho de integração e as instituições devem fomentar maior proximidade com as Embaixadas dos países da CPLP em Portugal.
Na lista de sugestões fica, ainda, a aposta em modelo de vistos de estudante que permitam automaticamente o exercício de alguma atividade profissional.