O presidente da Associação Florestal do Baixo Vouga toma posição sobre os incêndios florestais e a propósito dos sinstros em Albergaria e Águeda revela “indignação e mágoa” por tudo o que se passa na floresta portuguesa.
Pede mão mais dura à justiça para tentar travar as ocorrências de mão criminosa.
“Há tempos, um jornal diário noticiava que um incendiário foi apanhado em flagrante delito. Por três vezes! Confessado o crime, alegou que, quando passava na estrada, ficava enraivecido porque os pinhais não estavam limpos. Sabem qual foi a sua condenação? Três anos de prisão com pena suspensa e uma multa adicional de 1.000 euros. A conclusão simples é que a justiça não funciona! E, quando funciona, é frouxa e pouco atuante. Por vezes, até parece que o crime compensa”.E para os políticos deixa um recado em tempo de eleições para sugerir que as reformas não se fazem apenas com leis.
“Fala-se muito, publicam-se leis, mas a reforma florestal não se faz só com legislação. Sem a participação e o envolvimento dos produtores, legítimos titulares dos prédios florestais, não há reforma possível. E a realidade é que, muitas vezes, o seu direito de propriedade é posto em causa e desrespeitado. A verdade é que a atividade florestal, tal como está regulamentada, é uma terrível dor de cabeça para os produtores e proprietários florestais”.
O responsável pela associação florestal diz que os encargos da limpeza estão colocados sobre os proprietários e a carga é insuportável.
“Fogos sempre existiram e continuarão a existir. Mas é possível reduzir a dimensão desta tragédia. Os produtores precisam de todas as entidades ligadas ao sector, disponíveis para o trabalho no terreno, e não apenas para darem palavras de conforto e incentivo, acompanhadas por meras hipóteses de solução. Não é possível atuar em todo o território mas definam-se prioridades, caracterizem-se zonas de atuação. Haja planeamento e programa de trabalho. Com os produtores e envolvimento do poder local, Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, que atuam no terreno e são próximas das comunidades, ao contrário da Administração Central, fechada em gabinetes em Lisboa, a capital distante que desconhece a realidade”.
Os produtores afirmam cansaço e desgaste.
“Se os produtores florestais não fazem mais pela gestão das suas propriedades é porque estão cansados, desanimados, descapitalizados, desacreditados e, sobretudo, abandonados por todos, dos políticos à sociedade civil”.