Alberto Souto Miranda considera “um erro estratégico” a aposta no estacionamento subterrâneo no Rossio.
O antigo autarca, gestor em dois mandatos, analisa o estudo prévio apresentado pela autarquia e contesta a eventual aposta no estacionamento subterrâneo.
“Não há relva que esconda a aposta errada nos automóveis. Na era dos veículos eléctricos, partilhados e autónomos colectivos, apostar em estacionamento subterrâneo para 265 latas, com os inevitáveis afluxos de trânsito é ir ao arrepio das boas práticas urbanas presentes, quanto mais das futuras”.
O antigo autarca classifica que a aposta irá acentuar a “concentração de turismo no Rossio.
“Não há cosmética que disfarce a redutora visão da hiperconcentração da procura turística no Rossio, em detrimento da expansão da frente ria fruível até à antiga lota. Automóveis por automóveis, terão melhor lugar na antiga lota. Melhorar o parque verde do Rossio, sim. Esconder um parque automóvel dispensável, em nome dessa melhoria, não. Um bom negócio privado nem sempre corresponde a boa política pública”.
Souto discorda ainda da abordagem à preservação dos alicerces da capela encontrada no solo e acredita que a operação procura apenas disfarçar respeito pela história.
“E o que dizer dos alicerces da capela, esse ícon da argamassa, desinteressante, culturalmente vazio e esteticamente tóxico e que não faz o menor sentido manter? Será um toque de fingido respeito pela história para enfeitar um projecto que vai contra o sentido dela ? E porque não um arremedo de praça de touros ou uma curva do velódromo ou uma barraca da Feira de Março, que também por ali se construíram? Um Estudo Prévio para encher o olho não disfarça o olhar míope estratégico de base”.