A Associação para a Defesa dos Interesses da Gafanha da Nazaré (ADIG) continuará empenhada em “defender com intransigência os direitos dos moradores da Gafanha”. Propósito reforçado por Humberto Rocha que assumiu recentemente a liderança da Direcção da Associação. “Tudo o que estiver mal merecerá uma tentativa de correcção. Estaremos muito atentos e actuaremos rapidamente”, sublinhou, em entrevista à Terra Nova.
A Gafanha da Nazaré “estava a ser espezinhada por pessoas e interesses. Era preciso reagir e dar outro rumo aos processos, lutando contra estas maneiras de actuação sobre a nossa população”, vincou, numa alusão aos problemas causados pela descarga de Petcoke na área portuária situada na Gafanha. Sem acusar nenhuma entidade ou pessoas, em particular, referiu, questionado, ser esta “uma crítica implícita a todos os que não defendem a nossa terra e aos que fazem algo que a prejudica, desrespeitando-a”, sublinhou o ex-Presidente da Câmara de Ílhavo (eleito pelo PS).
A Administração do Porto de Aveiro estará, agora, a cargo de uma equipa liderada por Pedro Braga da Cruz que substitui no cargo José Luís Cacho (desde Maio de 2005 na liderança da APA). A tomada de posse da nova equipa directiva ainda não tem data marcada.
Humberto Rocha garantiu estar “optimista” e na “expectativa”, relativamente à “postura” da nova administração relativamente aos processos que “afligem” a população residente nas áreas envolventes ao Porto de Aveiro.
“Verificaremos se a APA começa a actuar de acordo com os preceitos de higiene e segurança por nós defendidos. Vou esperar para ver como actuam”, adiantou o dirigente associativo.
Relativamente à importância das 'movimentações populares' contestando as descargas de diferentes produtos no Porto, sublinhou que “todos sabem que a contestação popular foi determinante e vital para que o processo avançasse. Espero a minimização ou resolução destes problemas”.
“Estes problemas poderiam não existir se a APA respeitasse a Gafanha. A defesa dos direitos dos gafanhões não foi feita convenientemente pelas entidades que superintendem o território (Junta da Gafanha da Nazaré e Câmara)”, reforçou.
Hugo Rocha (CDS-PP) e Rui Dias (PSD) desvalorizaram recentemente, na Terra Nova, os potenciais riscos do Petcoke em comparação com as substancias a que as pessoas se sujeitam, por exemplo “quando abastecem de combustível os carros nas bombas de gasolina”. Humberto Rocha elevou a voz para dizer que ficou “estarrecido” com essas afirmações. “São problemas completamente diferentes, coisas totalmente diferentes, sem comparações possíveis", disse, sublinhando que “é preciso ser-se sério”. “Nas bombas de gasolina as pessoas vão lá 5 minutos de 15 em 15 dias e com o Petcoke as pessoas estão sujeitas à poluição 24 sobre 24 horas. Foram afirmações sem nexo”, vincou.