Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) procura desenvolver uma ferramenta de rastreio precoce, rápido e eficiente para detetar o vírus SARS-CoV-2 em pacientes sintomáticos. O projeto SENSECOR corresponde à prova de conceito dessa ferramenta em desenvolvimento.
O sistema facilitará a descentralização do rastreio de SARS-CoV-2, assim como a posterior centralização de dados de monitorização epidemiológica da infeção nas unidades de saúde competentes e autorizadas. Desta forma, o sistema SENSECOR apoiará a tomada de decisão clínica rápida, minimizando o recurso a testes de diagnóstico moleculares dispendiosos, a sobrecarga de recursos humanos especializados e de profissionais da saúde, o que contribuirá para a contenção do contágio e mitigação do alastramento da pandemia.
A ideia surgiu da coordenadora do projeto, Catarina R. Marques, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e Departamento de Biologia da UA, movida pela vontade de contribuir para colmatar lacunas inerentes ao rastreio célere da presença do vírus e transpondo, para esse efeito, a investigação que tem vindo a desenvolver no âmbito de outros projetos que coordena, juntamente com a aplicação de conhecimentos multidisciplinares.
Em colaboração com peritos de diferentes áreas científico-tecnológicas, o SENSECOR propõe-se assim a desenvolver um sistema integrado composto por vários módulos: um elemento sensorial imunológico para deteção do vírus, uma aplicação móvel para smartphone, uma unidade de condicionamento de sinal e uma de comunicação de dados. Desta forma, o cidadão comum poderá utilizar o sistema e tomar conhecimento do resultado do rastreio que, em simultâneo, pode ser comunicado às instituições de saúde.
O SENSECOR está a ser desenvolvido em copromoção entre a UA e a empresa Wavecom – Soluções Rádio S.A., sendo a equipa do projeto constituída também por duas entidades parceiras: o Instituto de Telecomunicações (IT2) e o Centro Hospitalar do Baixo Vouga, E.P.E. (CHBV).
A UA congrega as condições ideais para a estratégia de investigação proposta no SENSECOR, pois reúne unidades de investigação interdisciplinares favorecendo a estreita colaboração entre investigadores nas áreas da biologia molecular, engenharia genética, materiais, química, redes neuronais artificiais, eletrónica e programação. A equipa envolve um total de seis investigadores, membros do CESAM, do CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro, do Instituto de Engenharia Eletrónica e Informática de Aveiro (IEETA) e do IT2.
A empresa copromotora Wavecom é líder de mercado em Portugal na área das redes sem fios privadas, que persegue uma estratégia de inovação tecnológica, focando-se em nichos de mercado (nacionais e internacionais). Assim, na UA serão desenvolvidos o módulo sensorial imunológico, a aplicação para smartphone e unidade de condicionamento de sinal. A Wavecom desenvolverá os módulos de sensorização e de comunicações, agindo em parceria direta com os investigadores da UA e do IT. O CHBV será o parceiro que colaborará na validação laboratorial do sistema imunossensorial com amostras reais.
Neste momento está a ser efetuada a adaptação da tecnologia desenvolvida anteriormente, para os requisitos específicos de SARS-CoV-2. A fase seguinte consistirá na adequação, integração e implementação dos módulos que constituirão o sistema de rastreio. O projeto SENSECOR visa a prova de conceito deste sistema, cuja passagem para o mercado vai exigir uma abordagem a posteriori para esse fim.