Faleceu Valdemar Aveiro. Capitão deixa coleção de livros sobre epopeia da pesca longínqua.

Faleceu Valdemar Aveiro.

O antigo Capitão, de 90 anos, viveu uma vida recheada de mar e de histórias que quis contar em vários livros na última etapa da sua vida.

Para a história fica a sua ligação com o arrastão Coimbra que comandou e que geriu na condição de administrador de empresas.

Na condição de autor escreveu cerca de uma dezena de livros de que se destacam “80 Graus Norte”, “Ecos do Grande Norte”, “Nómadas do Oceano, “Histórias Desconhecidas dos Grandes Trabalhadores do Mar”, “Apelos do Passado”, “Memórias esparsas de uma vida” e “Murmúrios do Vento”.

Os testemunhos serviram de base a documentários e colaborou com projetos audiovisuais sobre a pesca longínqua.

O funeral está marcado para a tarde de domingo, às 16h, no centro funerário de Aveiro.

Valdemar Aveiro nasceu em dezembro de 1934, em Ílhavo, no seio de uma família de pescadores.

Aos 15 anos concorreu à Escola Profissional de Pesca, ganhou uma bolsa de estudo que lhe deu acesso ao liceu e, posteriormente, à Escola Náutica, onde concluiu o Curso de Pilotagem.

Entretanto, embarcou como moço a bordo do lugre-motor Viriato para fazer uma viagem à pesca do bacalhau como forma de custear as despesas da sua formação.

Em 1957 embarcou como praticante de piloto no navio Santa Mafalda, da Empresa de Pesca de Aveiro, sendo promovido no ano seguinte a piloto, a bordo do mesmo navio, e em 1960 passou a oficial imediato do navio Santa Joana.

Emigrou para o Canadá, em abril de 1964, na persecução de se licenciar em Medicina, um sonho que não logrou cumprir, tendo regressado a Portugal no ano seguinte.

Em 1966 embarcou no navio São Gonçalinho e no ano seguinte passou para um navio moderno, Santa Isabel, comandado pelo capitão David Calão.

Assumiu, em 1970, o comando do mais velho arrastão português, Santa Joana, e, dois anos depois, foi convidado para comandar o navio Coimbra, então em construção nos Estaleiros de S. Jacinto, tendo-se retirado por doença em 1988.

Depois de recuperado, foi convidado a colaborar com a administração da Empresa de Pescas S. Jacinto, sendo, desde 1991, membro do seu conselho de administração.

Foi nessa condição que assumiu o aparelhamento do Coimbra para as suas viagens, ficando como responsável pelo encaminhamento de inúmeros jovens para a pesca.

Muitos que, hoje, prestam tributo ao antigo capitão por ter permitido "mudar as suas vidas".

O ilhavense que um dia confessou o seu amor à terra onde viria a viver toda a sua vida, sempre reconheceu a Gafanha da Nazaré como local de coração, nutrindo particular simpatia pelos homens do mar com quem partilhou os grandes desafios marítimos.