Costa Verde e Universidade de Aveiro juntos em projeto de sustentabilidade no setor cerâmico.

Costa Verde e Universidade de Aveiro juntos em projeto de sustentabilidade no setor cerâmico.

No CiPoCer fomenta-se a transformação de resíduos em oportunidades.

O Circular Polymers for Ceramics pretende dar uma nova vida aos resíduos gerados pela produção de cerâmica de louça de mesa.

A iniciativa resulta de um consórcio entre a Costa Verde, uma das mais prestigiadas empresas portuguesas de porcelana, e a Universidade de Aveiro, reconhecida pela sua forte aposta na investigação e inovação.

O CiPoCer tem como objetivo principal valorizar resíduos de polímeros que resultam do processo produtivo do setor cerâmico, nomeadamente o poliuretano (PU) e o poli(metacrilato de metilo) (PMMA).

Estes materiais, apesar de terem grande utilidade industrial, apresentam um problema comum: não são biodegradáveis e, na maioria das vezes, acabam em aterros ou são incinerados, com forte impacto ambiental.

Para inverter esta realidade, o projeto aposta em processos inovadores de reciclagem.

No caso do poliuretano, será aplicada uma técnica chamada acidólise, que permite recuperar polióis reciclados e reintegrá-los na produção, substituindo até 30% das matérias-primas virgens.

Já no caso do PMMA, será utilizada a pirólise, um processo que o transforma novamente em metacrilato de metilo (MMA), pronto para ser reutilizado na produção de novos moldes.

Além disso, este processo gera energia térmica excedente, que poderá ser aproveitada nas fases de secagem da produção cerâmica, tornando todo o sistema mais eficiente e sustentável.

A relevância deste projeto é clara. A produção mundial de polímeros cresceu de apenas 0,5 milhões de toneladas em 1950 para mais de 400 milhões em 2023, sendo ainda maioritariamente dependente de recursos fósseis.

Perante este cenário, encontrar soluções que permitam reaproveitar e reciclar estes materiais é um desafio urgente.

O CiPoCer posiciona-se como uma resposta concreta, aliando ciência, inovação e indústria para criar valor onde antes havia desperdício.

Os benefícios esperados vão muito além do impacto ambiental.

Para as empresas do setor, o projeto representa uma oportunidade de reduzir custos de produção e reforçar a sua competitividade no mercado global.

Para a sociedade, o CiPoCer é um contributo importante na transição para uma economia mais circular, moderna e ecológica.

Ao unir a experiência produtiva da Costa Verde com a capacidade científica e tecnológica da Universidade de Aveiro, o CiPoCer afirma-se como um exemplo de cooperação estratégica que pretende colocar a cerâmica portuguesa na linha da frente da inovação sustentável.

O projeto mostra que é possível transformar resíduos em recursos, preparar o setor cerâmico para os desafios do futuro e, acima de tudo, demonstrar que a sustentabilidade e a competitividade podem caminhar lado a lado.