As obras de restauro e requalificação da Igreja Matriz da Trofa e do Panteão dos Lemos, assumidas pela Câmara Municipal de Águeda e que implicaram um investimento de cerca de 300 mil euros, foram inauguradas no sábado, num momento que é o culminar de “um ato de cuidar do nosso património”, disse Jorge Almeida, Presidente da Câmara de Águeda.
O Edil salientou que a intervenção realizada, sempre em concertação com a Direção Regional da Cultura do Centro (DRCC), dado esta igreja ser Monumento Nacional, “o mais importante do nosso concelho e um dos raros na nossa região”, contou com a perícia de técnicos especializados neste tipo de restauros, a quem agradeceu a “meticulosidade com que trabalharam”. “Estamos a falar de peças do Século XVI que são muito sensíveis e frágeis e que foram tratadas com imenso carinho”, disse, salientando que “há uma diferença enorme entre o estado anterior e o atual” e que é visível a quem visitar o espaço.
A intervenção “há muito reclamada finalmente aconteceu”, declarou José Luís Pimenta, pároco da Trofa e Arcipreste de Águeda, acrescentando que a igreja, “depois de vários anos a ostentar um aspeto degradado, pouco compatível com o seu passado de seis séculos, mostra-se hoje de cara lavada”. Uma intervenção, que passou pela limpeza e conservação das fachadas, pela substituição da cobertura e o arranjo exterior “com o intuito de salvaguardar, valorizar e divulgar o nosso património cultural e religioso que nos permitirá, de forma efetiva, preservar o passado e projetar o futuro da nossa cidade”.
“A igreja ficou com excelentes condições para a sua valorização”, disse ainda o arcipreste, acreditando que será “uma alavanca para a promoção turística do território”.
Jorge Almeida lembrou, neste ato inaugural, que a estratégia de atuação municipal assenta no cuidar do património local, que é evidente pelo assumir deste projeto de restauro e por outros investimentos que têm sido feitos pelo Município (como o realizado na Ponte Medieval do Marnel) e que pretende continuar a fazer. Entre os projetos em mãos, o Edil apontou as obras de recuperação da Ponte Pedrinha, na Landiosa (Aguada de Baixo), que foram iniciadas e que colocaram à vista “algo muito interessante e que queremos continuar a descobrir”.
O Presidente da Câmara de Águeda aludiu ainda à importância da continuação do projeto da Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga, desafiando todos a cuidar daquela obra de arte. “Durante muitos anos tem sido maltratada, com atos de vandalismo que precisamos todos combater, demonstrando o real valor do que ali está”, disse, acrescentando que, neste momento, está a ser feito um estudo para avaliar a dimensão do que poderá estar “escondido” naquele local. Uma ferramenta que permitirá “avançar com determinação para colocar à vista tudo o que lá possa estar”.
A Câmara de Águeda está também a trabalhar no processo de classificação da Ponte do Vouga, que será “determinante” para dar uma nova utilidade àquela infraestrutura. “Não há condições para restabelecer a passagem enquanto via de comunicação, mas enquanto património poderá vir a ser”, disse Jorge Almeida, salientando que este “é o desafio que temos em mãos” e avançando que estão “agendadas visitas ao local”.
A Igreja Matriz da Trofa e todo o conjunto escultórico que detém, sendo o mais relevante o Panteão dos Lemos, coloca, segundo Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, este templo “num roteiro de visita obrigatória” e que agora pode ser feito “em melhores condições”.
“A maior parte das pessoas olha para isto como obra de arte, mas antes foram uma expressão de fé”, acrescentou D. António Moiteiro Ramos, que demonstrou a sua satisfação pelo restauro realizado e pela “abertura desta igreja novamente ao culto, depois de alguns meses fechada”. Para o Bispo de Aveiro, a população da Trofa “sentir-se-á aqui melhor do que antes”, porque “o espaço também ajuda a celebrar a fé”.
“A cultura une a fé à arte, a arte e o património ao turismo, a nossa história ao presente e faz a ponte com o futuro, sendo sempre nestas dinâmicas, fator de inclusão, de valorização do ser humano e de desenvolvimento económico e social”, destacou ainda Ana Abrunhosa, acrescentando que “quando valorizamos um património como este, estamos a devolver-lhe dignidade”.
Registando que a igreja “carecia de uma intervenção urgente”, enalteceu o trabalho “de restauro e conservação exemplares” que foram executados e que contou com o esforço financeiro do Município de Águeda. Um esforço que poderá “ser aliviado” com a candidatura a fundos europeus, “a que estamos atentos e continuaremos a tratar”, disse.
A governante salientou que Águeda tem sabido aproveitar a disponibilidade de fundos comunitários, apontando os mais de 100 milhões de euros captados para a região, entre projetos públicos e empresariais. A estes acrescenta os valores no âmbito do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), que em Águeda já conta com a aplicação “naquela estrada há muito desejada entre Águeda e Aveiro e em outras obras, como a classificada como a melhor classificada a nível nacional, referente à ampliação da zona industrial, que irá trazer novas empresas e jovens qualificados”, investimentos que permitirão “continuar a valorizar este território”.