No dia em que a Procuradoria Geral da República revelou que o Primeiro-Ministro é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio, António Costa apresentou o pedido de demissão ao Presidente da República.
Foi uma terça-feira marcada por duas visitas do PM a Belém e que terminou com uma caminhada do Presidente da República já depois das 22h.
Hoje é dia para ouvir os Partidos políticos e quinta-feira, depois do Conselho de Estado, Marcelo fala ao país para definir um rumo.
Buscas com a participação de mais de 150 elementos da PSP e Autoridade Tributária à residência oficial do Primeiro-Ministro, ao Ministério do Ambiente, ao Ministério das Infraestruturas, à Câmara de Sines e a casa do ministro João Galamba marcaram o dia.
Sabe-se que se trata de um processo com perto de três anos de investigação e que tem por base os negócios da exploração de lítio e do hidrogénio verde.
Cinco pessoas foram detidas no âmbito de um processo que faz movimentar milhões de euros em investimentos.
Entre os detidos estão o chefe de gabinete do Primeiro-Ministro, Vítor Escária, e Diogo Lacerda Machado, consultor em questões de economia e amigo pessoal de António Costa, o presidente da Câmara de Sines e dois administradores da sociedade "Start Campus".O Ministro das Infraestruturas, João Galamba foi constituído arguido, bem como Nuno Lacasta, Presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente.
A Procuradoria emitiu um comunicado a revelar que António Costa vai ser investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça porque "no decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos" no processo em investigação do lítio e hidrogénio verde.
António Costa explica que sabe do que é suspeito e assumiu a demissão como forma de garantir a preservação das instituições democráticas (com áudio)
Estão em causa os crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação e tráfico de influência.
Neste processo são investigados os negócios de concessão do lítio e do hidrogénio e, em processo autónomo, a alegada intervenção do chefe do Governo para facilitar processos.
Na região, os principais atores esperam pela decisão do Presidente da República para saber se os portugueses são chamados a eleições.
Autarcas, dirigentes partidários e empresários admitem que este é um momento delicado na vida do país.