O candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Aveiro nas autárquicas de 2017 defende que o momento de tragédia impõe “toda a solidariedade” e “todo o pesar” mas defende a demissão da Ministra da Administração Interna.
Nelson Peralta afirma que o país “não pode ignorar os acontecimentos de Pedrogão Grande e do passado fim de semana” e que é tempo de acabar com a “cíclica dança de cadeiras nas chefias da Proteção Civil”.
Inspirado pelos dados disponíveis no relatório sobre Pedrogão Grande assume que as “políticas erradas” para a floresta são responsabilidade deste governo e de anteriores mas admite que o descrédito é evidente e está instalado.
“Não podem ser ignoradas as falhas presentes que levam aliás a que a Ministra esteja hoje em descrédito perante o seu sector e a generalidade da população. A responsabilidade política dita a demissão. Não é admissível a repetição da tragédia”.
Um dirigente político da Esquerda que suporta a maioria Parlamentar dá sinais de desconforto perante a opção de António Costa de manter Constança Urbano de Sousa. A Ministra assumia que o mais fácil seria sair mas que há trabalho a fazer.
Peralta diz que a gestão do calendário tem sido um desastre sobretudo porque as tragédias sucedem-se fora das épocas ditas de prontidão máxima.
“Depois da calamidade de Pedrogão Grande, a fase de mais meios, maior prontidão e mais vigilância foi terminada apenas com o critério da data de calendário e não com o critério da realidade e das necessidades. Os incêndios deste fim de semana, tal como o de Pedrogão Grande ocorreram fora da "fase Charlie".
Peralta defende, ainda, a profissionalização da proteção civil, aproveitamento de todo o conhecimento científico para a sua atuação, abertura das forças armadas à defesa civil e novas políticas para a floresta com a limitação das áreas de eucalipto de novo na agenda.
“Depois das tragédias deste ano a inércia não é opção. Os fenómenos climáticos extremos serão cada vez mais comuns. É necessário preparar e adaptar o país a essa mudança. É imperativo proteger as populações”.
O deputado socialista, Porfirio Silva, já defendeu em texto publicado na sua página pessoal do facebook que a reunião do Conselho de Ministros do próximo sábado (21) aprovará medidas que respondem às recomendações da Comissão Técnica Independente. O deputado aveirense nota aproveitamento político nas tragédias.
“Isto é, praticamente uma semana para operacionalizar medidas complexas e profundas, que têm de tomar uma forma legal rigorosa. Aqueles que dizem que é muito tempo (ou que dizem que devia já ter feito anúncios hoje) parece não terem em vista o que envolve preparar medidas da dimensão exigível. Percebo a dor que tudo isto causa - e isso permite compreender algumas reacções pessoais. Mas não permite compreender - nem aceitar - a demagogia desbragada de alguns políticos, mesmo quando esses políticos apareçam disfarçados de comentadores”.
O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, presidente da distrital de Aveiro do PS, disse em declarações à RR que governo e Proteção Civil estão a fazer o melhor trabalho possível. E diz mesmo que não há ninguém mais bem preparado para lidar com a situação que António Costa.
“O Governo faz o seu trabalho e faz da melhor maneira aquilo que pode fazer. Estamos a fazer o nosso trabalho com grande dedicação. Temos um primeiro-ministro que conhece bem esta área, foi ministro da mesma, não podíamos ter ninguém melhor preparado do que quem temos hoje à frente do Governo”, afirmou Pedro Nuno Santos à Rádio Renascença.