O feriado municipal de Ílhavo evocou as vítimas da pandemia e vincou a importância da vida comunitária para responder a momentos de crise mas também para criar sociedades mais justas e equilibradas.
Maria Fernanda Gomes Cravo, presidente da Assembleia Municipal de Ílhavo, abriu a sessão solene do Feriado Municipal com referência aos homenageados, às vítimas da pandemia e ao desaparecimento, em 2019, de Fernando Maria que ocupava a cadeira de presidente da Assembleia Municipal.
“Uma palavra acerca dos homenageados. Cada um na sua área é exemplo para os seus pares. Temos gente desta boa cepa. Outra para a Câmara que tem lutado desde há muitos anos para dotar o município de condições. As obras estão à vista e são feitas para as pessoas. E as Juntas no mesmo registo. Aos profissionais de saúde uma palavra de gratidão. Os autarcas mostraram a sua força. Somos terra de gente do Mar. Não nos vergaremos perante a pandemia. Ílhavo é a terra da bonança depois da tormenta”
Ricardo Santos, do BE, acentuou a importância de refletir novas respostas e novas formas de estar que acentuem o sentido coletivo ea "coesão terrritorial".
“Este é o grande desafio do nosso tempo. Uma sociedade de novos paradigmas, articulando globalização e descentralização. Precisamos da modernização do país e o poder local deve apostar nessa modernidade. Que os próximos autarcas abracem o futuro. Esse futuro mais verde, mais inclusivo, mais consciente, mais competitivo, mais cultural e patrimonial, mais ativo. Um futuro mais futurístico”.
O deputado municipal regista a mudança de paradigma dos últimos quatro anos e a importância de atender ao bem-estar.
“Nestes quatro anos abandonaram-se as obras de grande dimensão. Harmonizar é também fazer do concelho um todo. Devemos apostar no crescimento solidário. O urbanismo exige grande competência. Procuramos responder a problemas do futuro. A cidade do futuro não pode ser adiada. E tem sido adiada por agendas centralistas. O futuro faz-se pela ria, pela história das gentes, valor do património cultural e cultura disruptiva. Cidades inteligentes e verdes são para hoje. As economias urbanas são garantia de futuro”.
António Pinho (PP) citou um filósofo para os tempos de “guerra” que aproxima antigos combates à luta contra a pandemia.
“Se as referências à guerra parecem mais distantes, quando o filósofo fala do sentido público transporta-nos para o nosso tempo. O cidadão partilha a sua pertença com outros cidadãos que não conhece. Estão vinculados à dedicação coletiva”.
Pinho deixou palavra de reconhecimento por todos quantos dão de si ao combate à pandemia.
“Queria homenagear os cidadãos que dão corpo a estas palavras em instituições a ajudar os que mais precisam, a dar respostas aos problemas do nosso tempo. Como não reconhecer os que estiveram na linha da frente? Apesar dos constrangimentos temos que reconhecer que uma pandemia seria mais nefasta sem o conceito de sociedade”.
Luís Leitão (PS) elogiou os homenageados que apenas em Junho irão receber as distinções considerando a lista “extensa”.
“A extensa lista de condecorações deve ser justificada pelo ano de pandemia. Permitam-me uma saudação. Destaco Fernando Maria Paz Duarte por ter sido o nosso primeiro eleito, pelo trajeto de uma vida rica de cidadania. Homem de carácter que lutou pelos seus ideais”.
A pandemia mereceu referência pelos impactos negativos em diferentes áreas e com mensagem sobre a resposta necessária com recado ao executivo.
“Ílhavo não é exceção. Esperam-me medidas. Além das respostas já aplicadas outras podem ainda ser dadas. A Câmara deve concentrar-se nas políticas sociais. Deve reduzir o IMI e as taxas municipais. Deve apoiar as IPSS, deve apoiar a economia local criando um fórum empresarial que identifique oportunidades. Que qualifique zonas industriais e aposte em transportes. Precisamos de estimular a participação cívica. Ainda é tempo porque nunca é tarde para medidas de apoio estrutural”.
Numa referência ao ano eleitoral, assumiu o PS como “alternativa”.
“O PS assumiu-se como alternativa. É com a comunidade que temos discutido. As nossas propostas alinham-se com a força da comunidade. Temos a convicção de que a comunidade sairá desde ciclo mais unida e resiliente”.
Hugo Coelho (PSD) recordou Fernando Maria, agradeceu aos homenageados pela entrega e distinguiu Ílhavo como município com qualidade de vida.
Os anos de combate ao vírus foram referidos como marcantes pelo impacto no presente e no futuro.
“A pandemia ensinou-nos que temos que acreditar e confiar nos profissionais de saúde, ciência, autarcas, empresas e em nós próprios. Nota de agradecimento eterno para todos. Esta pandemia terá repercussões nas gerações futuras. Este paradigma obriga-nos a adaptar para um amanhã mais próspero”.
O ano eleitoral mereceu nota com Hugo Coelho a destacar a capacidade de resposta perante a pandemia.
“Os nossos autarcas merecem reconhecimento pela resiliência e atitude. As medidas aplicadas notam-se em todo o território. O apoio tem sido inexcedível. Há preocupação com as famílias mas temos que manter o investimento no crescimento sustentável”.
Fernando Caçoilo, autarca de Ílhavo, regista o desgaste provocado pela pandemia mas a firmeza do combate.
“Pelo segundo ano comemoramos o Feriado de forma diferente. Falta a Banda, os bombeiros, as associações e o calor dos munícipes. Não quisemos deixar de assinalar o dia mesmo que de forma condicionada. Vivemos em pandemia, realidade incontornável apesar dos sinais ténues de retoma mas sem fim à vista. A pandemia modificou as nossas vida, atormenta-nos, inquieta-nos, aprisiona-nos às nossa casas. Palavra de gratidão aos profissionais de saúde. Permitam-me uma palavra sentida para recordar os que faleceram. Apesar dos avanços da ciência, mais de um ano depois, esta pandemia ainda deixa um sentimento de fragilidade. Saibamos encontrar na nossa identidade força para os desafios”.
Sobre o papel do poder local na pandemia e no desenvolvimento das comunidades diz que está justificado em cada momento.
“O poder local assume primordial papel na transformação do país promovendo a inclusão e a qualidade de vida. Como estaria o país sem o poder local? Seguramente muito pior".
O autarca quis rematar com palavra de confiança e esperança e defendeu que o Município está mais capacitado para responder em momentos de exigência extrema.
“A experiência na gestão mostra como se pode potenciar o financiamento. A estabilização financeira com passagem da dívida de 20 milhões em 2013 para 3,5 milhões em 2021 garante o cumprimento da missão da autarquia”.
Elencou obras cumpridas e deixou abertura para novos projetos.
“A atividade autárquica nunca é projeto acabado. É dinâmica e constante. Sendo as pessoas o foco da missão autárquica a ação só produz efeito se não assentar em jogo político de ocasião. A seriedade e a credibilidade para as pessoas acreditarem na política e nos políticos. Temos qualidade de vida acima da média. Temos galardões que o certificam”.