Hoje Dia Mundial de Ambiente, o Bloco de Esquerda agendou um debate de urgência sobre “a justiça climática e a saída das crises”.
Na intervenção de abertura do debate, Nelson Peralta considerou que "a resposta à crise provocada pela pandemia tem que responder também à crise climática" e que "neste momento em que o relançamento económico será feito com fundos públicos", não se pode "repetir os erros do passado". Apresentou ainda a Lei de Bases do Clima proposta pelo Bloco.
“A alternativa é criar emprego que responda às necessidades sociais e à crise climática. Um modelo mais robusto que garante que o emprego não é destruído na próxima crise cíclica. Emprego para sair da crise, para garantir direitos sociais e para salvar o planeta", afirmou o deputado eleito por Aveiro. “O caminho para a neutralidade carbónica não é socialmente neutro e nós escolhemos uma sociedade mais solidária e igualitária", defendeu.
“Há quem diga que este não é o momento para ter preocupações ambientais. Engana-se: estará a construir novamente um castelo de cartas à espera do vendaval da próxima crise", disse. “Precisamos de uma transição ecológica e energética que crie emprego para as necessidades da sociedade e do planeta: nas energias renováveis, na habitação, nos serviços públicos, na segurança alimentar, na proteção da biodiversidade".
Como um dos exemplos referiu que “há em Portugal quem morra de frio no inverno. 23% da população não tem capacidade de aquecer a sua casa. Comecemos por aqui o investimento público na transição para as energias renováveis. A transição não pode estar subordinada aos lucros da EDP e da Galp que criam exclusão social. É essencial a recuperação de um sector energético público para as renováveis”. “Não jogamos no campeonato das falsas soluções”, referiu. “Dizer que o problema é apenas de comportamento individual é tentar apagar a dimensão sistémica da crise climática. Criar novos mercados de carbono é apenas insistir na especulação. Tornar o princípio de pagador-poluir o centro da política ambiental é conferir direitos de poluição a quem mais tem. Querer colocar os trabalhadores a pagar a crise é repetir a receita da austeridade”.
Nelson Peralta apontou ainda "as lições da crise financeira de 2008: "a austeridade aprofundou a própria crise, as desigualdades e a pobreza".