Cinco dias depois de uma entrevista de Alberto Souto nas redes sociais sobre o passado na autarquia e com uma polémica entre mãos, em Aradas, a Aliança com Aveiro vira atenções, de novo, para o candidato socialista.
Lança a crítica ao candidato do PS à Câmara de Aveiro acusando Alberto Souto de ter um “problema com a verdade”.
É na réplica das perguntas e com respostas vistas a partir da AD que a candidatura de Luís Souto procura desmontar as verdades apresentadas por Alberto.
Diz que a “autoentrevista” de 30 perguntas e respostas, publicada na página de Facebook de Alberto Souto há cinco dias, em que tenta explicar a divida deixada em 2005 é “um número pouco credível e politicamente pouco sério”.
O antigo autarca diz que deixou uma dívida de 162 milhões de euros mas a AD continua a insistir nos 250 milhões apontados ao tempo da gestão de Élio Maia agravada por dívida “deliberadamente ocultada” na ordem dos 50 milhões de euros.
Alberto Souto defendeu que o desequilíbrio de tesouraria incidiu apenas sobre as faturas de curto prazo, cerca de 79 milhões de euros, a que acrescia a divida bancária a longo prazo de vinte anos (50M) e Leasings (33M).
Nesse texto fez a defesa da obra e diz que em grande parte dos projetos não houve contestação.
“Não se conhece nenhuma crítica relevante às obras e investimentos que então foram feitos, com exceção do Estádio”.
Quanto a eventuais atrasos nos pagamentos admite “um desequilíbrio na tesouraria que provocou prazos médios de pagamento excessivos”.
“O desequilíbrio de tesouraria incidiu apenas sobre as facturas de curto prazo, cerca de 79 M de Euros. O restante estava em dia e era dívida bancária a longo prazo de vinte anos (50M) e Leasings (33M). O problema da dívida eram os 79 M”.
Quanto a eventual dívida encapotada, o antigo autarca recusa esse quadro.
“A lei da Finanças Locais era outra. No termo do seu mandato em 2005, o Relatório Final da IGF confirma, na página 62, que a capacidade legal de endividamento da Câmara de Aveiro estava absorvida apenas a 37%. O que aconteceu de anormal foi um desequilíbrio de tesouraria”.
Nas contas apresentadas por Alberto Souto e na comparação com os números atuais, o candidato do PS não encontra muitas diferenças.
“O montante da dívida que consta das contas já aprovadas de 2024 é de 58M; a este montante há que somar o valor do empréstimo contraído já em 2025 de 19M, o que dá 77M. Se a este valor de 77M somarmos 15M (que são devidos à Visabeira no quadro da PDA e não aparecem nas contas de 2024), o total é de 92 Milhões de euros", aponta o candidato do PS que estabelece a comparação entre dados de 2005 e 2024.
"O montante é praticamente igual, se descontarmos o custo do Estádio: se deduzirmos aos 162M deixados por Alberto Souto, os 68 M imputáveis à operação do Estádio, isso dá um montante de 94 Milhões. Portanto, politicamente, sem o Estádio, o montante da dívida de Ribau Esteves (92M) é praticamente igual ao de Alberto Souto”.
Alberto reconhece a ação de Ribau na recuperação financeira mas a AD diz que não assumir responsabilidades no “descrédito” é sinal negativo.
Na reação à entrevista do antigo autarca e candidato do PS, aos próprios meios da candidatura, a coligação PSD/CDS diz que além de “mau gestor” Alberto Souto “tem um problema sério com a verdade”.
O quadro traçado pelo antigo autarca, há cinco dias, recebeu agora a resposta da AD.
“É caso para perguntar quem contratualizou a divida de curto prazo, sabendo que não detinha dinheiro/tesouraria para a pagar? Não foi o gestor Alberto Souto?” questiona a AD que não aceita como desculpa a lei da Finanças Locais existente à época.
“O candidato Alberto Souto considera, 20 anos depois, normal e um ato de boa gestão, não considerar que endividou em excesso a Câmara Municipal, com uma divida de 162 Milhões, dos quais 79 Milhões de euros eram de divida de curto prazo, considerando os seus dados”.
“Portanto para o candidato do PS tudo normal, e sem excessos de divida, mesmo que não se conseguisse pagar a ninguém, com prazo médios de pagamento a fornecedores, a 3 e 4 anos, como ocorria no tempo do candidato Alberto Souto”.
A candidatura de Luís Souto arrasa a forma como Alberto Souto procura passar uma esponja sobre o passado deixando claro que a própria entrevista é um sinal negativo.
“E preocupante ver que alguém que prejudicou, com a sua má gestão, o futuro do concelho de Aveiro para os seguintes 30 anos, continue a achar que nada fez de errado, sem nunca ter explicado como poderia honrar os compromissos que assumiu”.
Alberto nega que a situação da autarquia fosse responsável por falências.
“É totalmente falso. Nenhuma empresa foi à falência por atrasos nos pagamentos da Câmara”.
A AD diz que os aveirenses não esquecem, em particular os que viram vidas arruinadas mesmo que Alberto Souto diga que não houve falências por falta de pagamentos da autarquia.
“O candidato Alberto Souto revela bem, a consciência que tem, ou a falta dela, relativamente às consequências dos seus atos de gestão, enquanto Presidente da Câmara, onde não pagava a ninguém, a quem os fornecedores recusavam vender, não havia dinheiro para um prego, não havia dinheiro para papel higiénico, e várias empresas e várias famílias viram as suas vidas desgraçadas, precisamente pelo facto da Câmara de Aveiro, não pagar e não honrar os compromissos assumidos”.
A análise passou pela construção dos estádio, pelas responsabilidades desse projeto no desequilíbrio, pela responsabilidade do Governo central e pela responsabilidade da governação de Élio Maia.
Alberto chegou a afirmar ter sido enganado pelo Estado no processo de construção do Estádio mas Luís diz que a alegada sabotagem é uma desculpa.
“O candidato Alberto Souto sabe que mente e fá-lo descarada e maldosamente. O negócio da venda do velho estádio, entre a Câmara e a Universidade, não foi autorizado pelo Tribunal de Contas, devido a incumprimento de regras legais por parte da Câmara e da Universidade. E não por qualquer intromissão do Governo do PSD”.
Quanto às responsabilidades de Élio Maia nos atrasos verificados na recuperação financeira, Alberto culpa a gestão da coligação PSD/CDS mas a atual AD diz que é “desplante”.
“Quando Élio Maia foi surpreendido com as dividas e com as faturas não contabilizadas, de milhões de euros, e sem crédito. A Câmara de Aveiro detinha uma imagem na praça de má pagadora, ninguém lhe vendia fiado, não tinha dinheiro para comprar um prego”.